Economia

Reunião do Copom é última chance de resgatar relação entre Banco Central e governo; entenda

16 mar 2023, 16:13 - atualizado em 16 mar 2023, 16:16
Banco Central regulação criptomoedas
O Banco Central está irredutível em relação à redução da Selic, já o mercado está ansioso para saber quando começam os cortes.(Imagem: Agência Brasil)

Na semana que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para decidir o futura da taxa Selic. Embora o Banco Central esteja irredutível em relação à redução da taxa básica de juros, o mercado está ansioso para saber quando começam os cortes.

A autoridade monetária já deixou claro que as expectativas de inflação para longo prazo estão desancoradas e que é um cenário arriscado para rever a Selic. Além disso, em suas últimas atas, o Copom apontou que o risco fiscal do novo governo também não está ajudando das projeções inflacionárias.

Esse discurso não pegou bem com o governo, que declarou guerra contra o Banco Central, alegando que não existem motivos para manter a taxa de juros elevadas.

“Até segunda ordem é consenso que o Copom iria cortar os juros, mas as rusgas entre Lula e Roberto Campos Neto atrasaram este processo. Se tivermos mais uma rodada de trocas de farpas entre os dois, aí que a perspectiva de corte de juros fica impedida, tornando uma situação já inflamada em crônica”, afirma o economista André Perfeito.

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A expectativa é de que a postura do Banco Central mude depois que o Ministério da Fazenda apresentar a nova regra de arcabouço fiscal, que substituirá o atual teto de gastos. A equipe econômica quer sinalizar que o governo vai ter responsabilidade fiscal.

“Se o Banco Central não sinalizar um corte de juros em breve, mesmo depois que a Fazenda apresente o novo arcabouço, seria como se a autoridade monetária tivesse jurado de morte a proposta antes mesmo de ser levada ao Congresso”, aponta Perfeito.

Para o economista, além da relação desgastada com o governo, o Banco Central também pode gerar um “caos” – ou maior volatilidade – no mercado caso não reveja a sua política monetária.

Ele destaca que a perspectiva de juros elevados ao longo do ano combinada com questões como fiscal, commodities, recessão e mudanças na meta de inflação “pode produzir efeitos caóticos no mercado de capitais, mercado esse que já sofre com a desconfiança por conta de eventos corporativos adversos”.

Do lado do governo, a esperança é de que os recentes episódios que levaram turbulência ao setor financeiro – a quebra do SVB e a crise no Credit Suisse aumentem as chances de o Banco Central cortar a taxa básica de juros mais cedo do que o esperado.

“É só olhar como os juros futuros estão caindo em função de tudo que está acontecendo”, disse à Reuters uma fonte não identificada do Ministério da Fazenda.

*Com informações da Reuters

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