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Retorno dos títulos do Brasil só perde para os Treasuries dos EUA

30 jun 2021, 10:59 - atualizado em 30 jun 2021, 11:30
Federal Reserve
A postura “hawkish”, ou inclinada ao aperto monetário do Fed, levantou dúvidas sobre o compromisso do banco central dos EUA de tolerar a inflação elevada e gerou preocupação (Imagem: REUTERS/Leah Millis)

Um giro ao aperto monetário é tipicamente ruim para o mercado de renda fixa, mas não para os títulos do Tesouro dos Estados Unidos em junho.

O índice Bloomberg Barclays U.S. Treasury Total Return acumula ganho de 0,5% desde que o Federal Reserve antecipou as projeções de aumento dos juros em 16 de junho – o melhor desempenho entre os 30 maiores mercados de dívida soberana equivalentes do mundo.

Apenas oito indicadores apresentaram retorno positivo – incluindo Brasil, Israel e China -, enquanto o restante recuou nas últimas duas semanas, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A postura “hawkish”, ou inclinada ao aperto monetário do Fed, levantou dúvidas sobre o compromisso do banco central dos EUA de tolerar a inflação elevada e gerou preocupação de que aumentos dos juros mais rápidos do que o esperado possam pesar sobre a economia.

Embora os títulos de prazo mais curto tenham enfrentado uma onda vendedora, as expectativas de inflação também caíram, e um rali na dívida de longo prazo achatou a curva de juros.

A mudança “diminui o risco de cauda de que a inflação possa sair do controle. Isso beneficiou os Treasuries de prazo mais longo”, disse Eugene Leow, estrategista de juros do DBS Bank, em Singapura. “O Fed talvez esteja mais preocupado com a inflação do que comunicou anteriormente.”

A previsão mais recente do banco central indicou que a taxa básica de juros poderia subir pelo menos duas vezes em 2023, em comparação com nenhuma alta projetada há três meses.

Se o Fed começar a subir os juros no final de 2022, terá que decidir por uma redução das compras de ativos em setembro, disse Naokazu Koshimizu, estrategista da Nomura Securities, em relatório na semana passada.

O prêmio de yield que investidores pedem para manter Treasuries de 30 anos na carteira, em vez de títulos de cinco anos, fechou em 18 de junho no nível mais baixo desde setembro, já que parte dos investidores saiu das apostas de reflação.

O spread se estabilizou desde então, enquanto o mercado avalia o possível impacto de uma política monetária menos acomodativa sobre os títulos.

“O mercado parece convencido de que uma redução antecipada das compras de ativos e aumentos dos juros mais cedo do que o previsto irão desacelerar a economia e continuar a atrair investidores para o mercado de Treasuries”, disse Ira F Jersey, estrategista-chefe de juros dos EUA da Bloomberg Intelligence, em relatório. “Estamos menos convencidos e acreditamos que há um risco crescente de que o mercado possa acelerar as vendas substancialmente em um anúncio real de redução das compras de ativos.”