Retomada do PIB dos EUA é teste de fogo ao apetite a risco em Wall Street
A economia dos Estados Unidos acelerou sua retomada no quarto trimestre de 2021, bem acima do esperado pelos economistas.
Na base anual, o Produto Interno Bruto (PIB) saltou 6,9% no período, ritmo de crescimento mais rápido do país desde 1984.
E os mercados aproveitaram para tirar uma casquinha da maré de otimismo.
Em Wall Street, por volta do meio dia, o índice S&P 500 (SPX), que reúne as 500 maiores companhias norte-americanas, subia subia 0,94%, a 4.390 pontos.
“A recomposição de estoques, principalmente do setor manufatureiro, contribuiu com 4,9% da alta de 6,9% observada. Os estoques vinham sendo consumidos desde o primeiro trimestre de 2021 e agora foram o ponto de virada no PIB dos EUA”, explica José Cassiolato, sócio da Nexgen Capital.
Apesar de ser cedo para cantar vitória, a leitura do mercado sobre o PIB é positiva, levando em conta que o resultado beneficia na margem o processo inflacionário, vindo através do aumento de estoques.
Economistas consultados pela Reuters previam crescimento de 5,5% do PIB. As estimativas variaram de 3,4% a 7,0%.
Cassiolato comenta que o dado reforça a pujança da economia dos EUA — mais crescimento e um novo regime monetário —, tese também ressaltada no discurso de Jerome Powell, chairman do Federal Reserve, na véspera (26).
Teste de fogo após Fed
O mercado acionário norte-americano parece ter deixado no retrovisor o discursos mais hawkish (agressivo) adotado pelo Federal Reserve em sua reunião de política monetária, que já sinalizou uma alta de juros de até 0,25% em março.
O discurso de Powell acionou alguns sinais de alerta. Tanto que as bolsas americanas reverteram as altas de boa parte do dia e fecharam a véspera em queda.
“O grande dilema dos bancos centrais do mundo todo é o combate à inflação sem penalizar tanto a atividade econômica. Mas já há sinais promissores vindos do mercado de trabalho dos EUA, com maior oferta de empregos”, explica Túlio Nunes, especialista de finanças da Toro Investimentos.
O mercado de trabalho dos EUA reverteu a tendência de alta dos pedidos semanais de auxílio-desemprego, de acordo com o relatório mais recente divulgado nesta quinta-feira (27).
“As solicitações somaram 260 mil na semana encerrada em 22 de janeiro, número abaixo das expectativas que era de 265 mil. O principal fator que corrobora para a melhora é a dissipação da variante ômicron“, afirma o sócio da Nexgen.