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Resumo da semana: Desistência de Pires, Bolsonaro com 30%, chapa Lula-Alckmin, inflação nas alturas e mais

09 abr 2022, 11:00 - atualizado em 08 abr 2022, 13:49
José Mauro Ferreira Coelho foi indicado para a presidência da Petrobras (Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil/Flickr)

A primeira semana de abril começou com mais um capítulo do imbróglio do comando da Petrobras (PETR3;PETR4). Logo na segunda-feira (4), o economista Adriano Pires anunciou que não aceitaria o cargo de presidente da estatal.

O novo nome para ocupar a cadeira veio só na quarta-feira (6): José Mauro Ferreira Coelho foi o indicado pelo Ministério de Minas e Energia.

Também foi divulgada a primeira pesquisa eleitoral sem o nome de Sergio Moro, já que o ex-juiz anunciou na semana passada que estava abrindo mão da sua candidatura para se filiar à União Brasil.

Ainda no cenário eleitoral, o PSB indicou oficialmente Geraldo Alckmin para ser vice na chapa com Lula (PT) nas eleições deste ano.

Veja o que foi notícia nesta semana:

Desistência e Pires e o novo indicado para a Petrobras

No último domingo (3), Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, anunciou que estava abrindo mão da vaga de presidente do conselho de administração da Petrobras (PETR4).

Ele encaminhou ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, um documento informando sobre a sua desistência para conseguir se dedicar mais ao comando do clube carioca.

Apenas um dia depois, na segunda-feira (4), foi a vez de Adriano Pires, economista indicado para presidir a Petrobras, também desistir da indicação para a cadeira de CEO da estatal.

Ele havia sido o nome indicado no último dia 28 para substituir Joaquim Silva e Luna, atual presidente da companhia. O governo já vinha fritando o general desde o início de março, por conta do aumento no preço dos combustíveis, anunciado no dia 8.

Os nomes de Pires e Landim ainda precisavam ser chancelados pela Assembleia Geral Ordinária da companhia, que acontece no dia 13 de abril.

Adriano Pires é doutor em Economia Industrial pela Universidade de Paris XIII e sua última passagem pelo governo foi como assessor da diretoria da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). Também lecionou na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Atualmente, é diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) — e foi a partir daí que uma série de questionamentos começaram a ser levantados sobre a sua indicação para a Petrobras.

Seu nome preocupava o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU), que apontou conflito de interesses, tendo em vista que Pires já possuía investimentos em empresas de gás e petróleo.

Para assumir o cargo, ele teria que abrir mão desses investimentos e do comando de sua empresa. A princípio, quem o substituiria na função seria seu filho, Pedro Rodrigues Pires — essa possibilidade, no entanto, não era a ideal.

Na carta entregue ao Ministério de Minas e Energia, o economista diz que “ficou claro que ele não poderia conciliar seu trabalho de consultor com o exercício de presidência da Petrobras”.

Após três dias de incertezas, o Ministério de Minas e Energia decidiu indicar na quarta-feira (6) José Mauro Ferreira Coelho para ser o novo presidente da Petrobras.

Para o cargo de presidente do conselho de administração da companhia, posição que seria ocupada por Landim, o governo federal apresentou o nome de Marcio Andrade Weber.

A assembleia da companhia segue mantida para o próximo dia 13, quando os nomes devem ser aprovados. O banco de investimentos UBS BB elogiou a indicação Weber para o cargo.

“Vemos que o Sr. Weber pode contribuir para a continuidade da estratégia da Petrobras e proporcionar alguma estabilidade em um período de mudanças, principalmente antes das eleições”.

O banco também destaca que José Mauro Coelho traz uma longa experiência no setor de energia e, ainda assim, tem “experiência corporativa limitada”.

Eleições: Bolsonaro herda votos de Moro

Com a saída de Moro da corrida eleitoral, Bolsonaro herdou seus votos (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Após Sergio Moro (União Brasil) desistir da sua pré-candidatura à Presidência da República, a primeira pesquisa de intenção de voto sem o nome do ex-juiz foi divulgada.

Como já era esperado, quem “herdou” os votos de Moro, que era o terceiro colocado nos levantamentos, foi Jair Bolsonaro (PL).

A edição mais recente da pesquisa eleitoral XP/Ipespe, divulgada na quarta-feira (6), mostrou que o presidente chegou aos 30%. Ele conseguiu reduzir a vantagem do ex-presidente Lula (PT) de 18 para 14 pontos.

Ainda que o petista siga na liderança (44%), seu número se manteve estável em relação ao último levantamento.

Sem Moro na disputa, também oscilaram positivamente na pesquisa Ciro Gomes (PDT), que passou de 7% para 9% e agora ocupa essa terceira posição; João Doria (PSDB), que foi de 2% para 3%, e Simone Tebet (MDB), que foi de 1% para 2%.

Os votos nulos e brancos também aumentaram, saindo de 9% no levantamento anterior para 12% agora.

Apesar da desistência de Moro, a tal “terceira via” ainda tenta emplacar um candidato — ou seja, alguém que seja alternativa tanto a Lula como a Bolsonaro, os dois primeiros colocados.

Com tantos nomes na disputa, MDB, União Brasil, PSDB e Cidadania, legendas que se identificam como integrantes do campo ideológico de centro, formaram uma espécie de “consórcio” no último dia 6 e anunciaram que vão lançar um nome único para concorrer ao Planalto. O anúncio deve acontecer no dia 18 de maio.

Os presidentes dos quatro partidos, Luciano Bivar (União Brasil), Baleia Rossi (MDB), Bruno Araújo (PSDB) e Roberto Freire (Cidadania) destacaram em nota que “reafirmam tratativas para apresentar um candidato(a) à Presidência da República como a alternativa no campo democrático”.

Chapa Lula-Alckmin

Lula e Alckmin
Lula elogiou a experiência de Geraldo Alckmin durante o anúncio oficial (Reprodução/Twitter)

O PSB oficializou na sexta-feira (8) a indicação do nome de Geraldo Alckmin como vice-presidente na chapa de Lula (PT) nas eleições presidenciais de 2022. O ex-governador de São Paulo se filiou ao partido no fim de março.

“Não temos qualquer dúvida de que é o companheiro Lula quem reúne as melhores condições para articular forças políticas amplas, capazes de dar à resistência democrática a envergadura que permitirá enfrentar e vencer o bolsonarismo”, diz um trecho da carta entregue pelo PSB ao PT.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já havia confirmado na terça-feira (5) que a indicação aconteceria na sexta.

É plenamente possível duas forças com projetos diferentes, mas com princípios iguais, se juntarem em um momento de necessidade do povo. Agradeço aos companheiros do PSB”, declarou Lula durante o anúncio, que aconteceu em um hotel na Zona Sul de São Paulo.

A formação da chapa para concorrer a Presidência precisa ser aprovada em uma reunião do diretório do PT, mas a parceria é tida como certa antes mesmo de Alckmin se filiar ao PSB.

A ida de Alckmin ao PSB colocou oficialmente um ponto final na trajetória de mais de 30 anos no PSDB, partido pelo qual governou São Paulo por quatro mandatos.

Quando anunciou a sua desfiliação em dezembro, o ex-governador afirmou que havia chegado a “hora da despedida” e de “traçar um novo caminho”.

Alckmin estava sem partido desde então. O PSD de Gilberto Kassab era uma das possibilidades que acabaram não se concretizando.

O anúncio oficial da ida ao PSB aconteceu no dia 18 de março por meio das suas redes sociais. O ex-tucano declarou na ocasião que o trabalho “para ajudar a construir um país mais justo e pronto para o enfrentamento dos desafios que estão postos estava só começando”.

No dia da filiação, Alckmin teceu elogios a Lula, cumprimentando o PSB pela decisão de apoiar o petista na corrida eleitoral.

“Ele é hoje aquele que melhor reflete, interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro. Aliás, ele representa a própria democracia, porque ele é fruto da democracia.”

A ideia de uma chapa composta por dois antagonistas na política começou a ser ventilada no fim do ano passado. O primeiro encontro público dos dois aconteceu durante um jantar na capital paulista aberto à imprensa pouco antes do Natal.

O evento foi organizado pelo Grupo Prerrogativas e contou com a presença de figuras como Renan Calheiros (MDB), Rodrigo Maia (PSDB), Baleia Rossi (MDB), Gilberto Kassab (PSD), Randolfe Rodrigues (Rede) e outros.

Inflação nas alturas

O protagonista da disparada na inflação, que veio acima do que o esperado pelo mercado, foi o preço dos combustíveis (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O IBGE divulgou na sexta-feira (8) o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inflação oficial do país. Para março, o IPCA subiu 1,62%, maior taxa para o mês desde 1994, antes da implantação do Plano Real.

O protagonista da disparada na inflação, que veio acima do que o esperado pelo mercado, foi o preço dos combustíveis, que tiveram alta de 6,7%, após um recuo de 0,47% no mês anterior.

A alta é resultado do reajuste anunciado pela Petrobras no dia 8 de março, por conta preço do petróleo no mercado internacional, resultado do choque de oferta gerado pela guerra na Ucrânia. No pico, o preço do barril da commodity chegou a ultrapassar os US$ 130.

No acumulado de 12 meses até março, o IPCA teve alta de 11,3%, contra alta de 10,54% do mês anterior. A leitura está bem acima da meta de inflação para o ano, de 3,5%, que tem uma margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.

Segundo o mais recente levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio da gasolina comum no país hoje é de R$ 7,202, mas o combustível pode ser encontrado por até R$ 8,499 em alguns lugares do Brasil.

Cassação do Arthur do Val

Arthur do Val, o Mamãe Falei
Arthur do Val disse em áudio encaminhado a um grupo de amigos que as ucranianas “são fáceis porque são pobres” (Imagem: Facebook/Arthur do Val)

Na tarde de quinta-feira (7), o deputado estadual Delegado Olim (PP), relator da ação contra Arthur do Val (União Brasil) no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), apresentou seu parecer favorável à cassação de mandato do parlamentar.

Para Olim, Arthur do Val cometeu quebra de decoro ao enviar áudios fazendo comentários sexistas sobre as mulheres ucranianas enquanto ele estava no país sob a justificativa de estar “auxiliando na resistência”.

No dia 4 de março, o site Metrópoles divulgou com exclusividade áudios em que o deputado falava para um grupo de amigos sobre as mulheres do país, hoje refugiadas de guerra, de forma misógina.

Do Val, também conhecido como Mamãe Falei, chegou a dizer que elas seriam “fáceis” porque “são pobres”. “E, assim, é inacreditável a facilidade. Essas ‘minas’ em São Paulo se você dá bom dia elas iam cuspir na tua cara. E aqui elas são supersimpáticas, super gente boa. É inacreditável”, disse na ocasião.

Ele se manifestou, pedindo desculpas pelas falas, mas negando as acusações que teria feito a viagem em busca de “turismo sexual”.

O deputado era até então o pré-candidato ao governo do Estado de São Paulo pelo Podemos.

Arthur do Val estava filiado ao partido há cerca de 30 dias quando tudo aconteceu, tendo sido eleito para uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) pelo Democratas (DEM), com quase 480 mil votos. Hoje ele é filiado à União.

Agora, o conselho de Ética se reúne na próxima terça-feira (12) para avaliar o relatório do Delegado Olim e votar a respeito da punição sugerida pelo deputado.

*Com Agência Reuters

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