Ciência e Tecnologia

Resultados mais fracos em cloud e ascensão da inteligência artificial chinesa: o que os balanços do 4T24 das big techs dizem sobre o futuro da IA

10 fev 2025, 11:42 - atualizado em 10 fev 2025, 11:42
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As receitas geradas com o segmento vieram abaixo do esperado pelos analistas do setor, o que poderia colocar em xeque a quantidade de recursos gastos com inteligência artificial (IA). (Imagem: Pixabay/ Alexandra Koch)

As principais empresas de tecnologia do mundo já publicaram seus resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24). E, de maneira quase unânime, o segmento de computação em nuvem (cloud) foi o que mais decepcionou os investidores.

As receitas geradas com o segmento vieram abaixo do esperado pelos analistas do setor, o que poderia colocar em xeque a quantidade de recursos gastos com inteligência artificial (IA).

Voltando alguns passos, a computação em nuvem é uma das aliadas no treinamento de IAs generativas, como o ChatGPT, Gemini, entre outros. Os gastos com cloud e data centers representam a maior fatia dos custos da criação de chatbots do tipo. 

Em outras palavras, os resultados são um sinal de que a criação de IAs generativas não estaria dando os retornos esperados pelos investidores.

E, recentemente, o setor de IA recebeu um novo golpe com a chegada do DeepSeek, uma IA generativa que consegue competir em desempenho com o ChatGPT — mas custou uma fração do preço.

Então, é hora dos investidores deveriam se preocupar?

Computação em nuvem e inteligência artificial

As empresas que lideram o segmento de cloud são Amazon, Microsoft e Alphabet, dona do Google. Veja a seguir quanto o segmento gerou de receita em relação ao ano passado:

Empresa Receitas (US$) Variação em relação ao 4T23
Amazon US$ 28,79 bilhões Aumento de 19%
Microsoft US$ 25,54 bilhões Aumento de 31%
Alphabet (Google) US$ 11,9 bilhões Aumento de 30%

Fonte: Levantamento Money Times

Os resultados das principais empresas do ramo vieram em linha ou abaixo do esperado pelos analistas do setor. Porém, é preciso colocar os números em perspectiva. 

“As expectativas do mercado estão extremamente elevadas devido aos altos investimentos realizados em tecnologia e IA nos últimos tempos. Os investidores acreditavam que, com a crescente adoção de soluções de IA e os aportes destinados à expansão e modernização dos data centers, isso se converteria rapidamente em resultados robustos no segmento de cloud”, explica Rennan Guimaraes, sócio e CTO da Gravus Capital. 

Entretanto, Guimarães ressalta que há dificuldade dessas empresas em transformar esses investimentos em ganhos operacionais significativos, em especial no aumento da concorrência em relação a trimestres anteriores — tanto dentro quanto fora dos EUA. 

“Embora de forma tímida, os chineses da Huawei, Tencent, Alibaba vêm fazendo suas investidas, apesar das restrições de acesso à componentes de hardware mais avançados”, explica Antônio Censi, Diretor de Tecnologia da Montreal, em referência a proibição que vigora desde 2023 sobre a exportação de chips de alto desempenho dos EUA para a China.

O que esperar de 2025 do segmento de cloud?

Para 2025, a concorrência no ramo de IA deve continuar. Contudo, a chegada do DeepSeek não deve exercer uma pressão avassaladora como o projetado pelo mercado. 

“Já estava bem claro que o ritmo de gasto para o desenvolvimento específico de IAs generativas estava diminuindo. Só que quando a gente fala de IA, estamos falando de coisas muito mais avançadas”, explica Renato Nobile, gestor e analista da Buena Vista Capital.

Isso porque o futuro das IAs não está em chatbots genéricos e sim em aplicações especializadas. O próprio Google lançou um relatório apontando cinco setores no ramo que devem despontar em 2025.

Assim, para os analistas, há uma certa reação um pouco exacerbada do mercado, que mistura um pouco de medo imediato com o fato de que as ações das empresas do setor estavam sobrevalorizadas.

Assim, o movimento de correção ajudou a pressionar os preços dos papéis recentemente.

Para além da nuvem: fique de olho em empresas de IA

Por fim, vale a pena ficar de olho em empresas do setor de tecnologia, tanto dos Estados Unidos quanto da China.

“Os russos lançaram a corrida espacial com lápis, borracha e régua de cálculo. Certamente a China hoje está num nível muito superior, nem que seu ímpeto por tecnologia e seu domínio arrefeça”, comenta Antônio Censi, da Montreal. 

Os analistas ouvidos pela reportagem recomendam ficar de olho em empresas como AliBaba, Tencent, Huawey, Baidu. Mesmo a Bytedance, dona do TikTok, está trabalhando investindo no seu setor de tecnologia. Com o apoio que tem do governo chinês, é de esperar que seus softwares tenham cada vez mais presença no mundo ocidental.

No entanto, dificilmente as grandes empresas de tecnologia norte-americanas devem perder a majestade no curto e médio prazo devido aos grandes investimentos no setor de inteligência artificial — e uma forte inclinação do governo dos EUA para favorecer o setor.

O exemplo mais claro é a criação da Stargate, que deve investir até US$ 500 bilhões nos próximos anos para o desenvolvimento de um ecossistema de IA nos EUA. 

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É editor-assistente do Money Times. Formado em jornalismo pela ECA-USP, estuda ciências econômicas na São Judas. Atuou como repórter no Seu Dinheiro, Editora Globo e SpaceMoney.
renan.sousa@moneytimes.com.br
É editor-assistente do Money Times. Formado em jornalismo pela ECA-USP, estuda ciências econômicas na São Judas. Atuou como repórter no Seu Dinheiro, Editora Globo e SpaceMoney.
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