Resultados da Marfrig destacam qualidade na internacionalização, com melhor geração de caixa
Os ganhos operacionais do 1º trimestre da segunda maior processadora de carne bovina do Brasil, que “foi de saltar os olhos” para o Credit Suisse e ganhou preço-alvo maior da XP, merecem destaque por trazerem aspectos da sua internacionalização que fizeram a diferença. A Marfrig Global Foods (MRFG3) ficou menos dependente do mercado chinês e cresceu em produtos de valor agregado.
Ajustado, o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) foi a 109%, resultando em R$ 1,2 bilhão, e lucro líquido de R$ 32 milhões.
As operações na América do Norte não foram prejudicadas pela paralisação temporária da National Beef (a maior das duas subsidiárias) e a receita líquida cresceu 7,5% sobre o mesmo período do ano passado, alcançando US$ 2,2 bilhões de dólares. E anularam a redução brusca das importações chinesas, no auge da pandemia, das outras 13 plantas da América do Sul – o maior número entre todos os grupos de unidades habilitadas para aquele país.
Além de carne fresca, a produção de hambúrgueres (a maior do mundo) e outros produtos industrializados para preparo mais rápido deram mais musculatura à empresa nos Estados Unidos, enquanto a pandemia avançava e obrigava os consumidores optarem por gêneros de mais fácil estocagem em tempos de isolamento.
Em paralelo, as exportações da Marfrig americana se ampliaram para a Coreia do Sul e Japão. O primeiro freou a covid-19 mais cedo que todos os países do mundo e o Japão a manteve controlada.
Os chamados produtos prontos e as exportações proporcionaram amento na quantidade de abate e maior disponibilidade de gado, como assinou em nota o CEO local Tim Klein. Não foi explícito, mas dá a entender que houve uma originação mais vantajosa em preços, contra o resto do mercado que via muitas unidades paralisadas, inclusive da JBS, favorecendo a venda mais barata de gado pelos produtores.
Se comprou mais barato e vendeu mais, certamente influi na receita. Na soma, os resultados do player brasileiro na América do Norte, no 1º trimestre, participaram com 72% da receita líquida global.
Na América do Sul, com 65% das exportações para a China – que voltou forte às importações desde abril com a melhora do cenário da doença – com receita líquida (R$ 3,8 bilhões) 26,1% superior sobre os mesmos três primeiros meses de 2019, destaca-se o valor superior da carne uruguaia exportada. A planta de lá é basicamente de boi orgânico, também para outros mercados.
E na Argentina detém uma das marcas mais reconhecidas pelos portenhos, além também de ser uma das empresas líderes em hambúrgueres.