Opinião

Resultados da Broadcom mostram que a queda das fabricantes de chips pode piorar

17 jun 2019, 12:34 - atualizado em 17 jun 2019, 12:34
A recente previsão de baixa demanda da Broadcom acendeu mais um sinal de alerta para os investidores de ações do setor de chips computacionais ( Imagem:Pixabay)

Por Investing.com/Haris Anwar

A recente previsão de baixa demanda da Broadcom (NASDAQ:AVGO) acendeu mais um sinal de alerta para os investidores de ações do setor de chips computacionais. Sua ampla linha de produtos e sua base mundial de clientes fazem com que os resultados da fabricante de chips sejam um importante indicador do que está por vir. Infelizmente, as notícias não são nada boas.

Vendas de smartphones pela Huawei deverão cair 60 milhões por guerra comercial

Após o fechamento do mercado na quinta-feira, a empresa sediada em San Jose, Califórnia, não só cortou sua previsão anual, como também alertou que a disputa comercial entre EUA e China está provocando uma “rápida e intensa contração” na demanda dos clientes, incluindo as maiores fabricantes de smartphones, como a Apple (NASDAQ:AAPL) e a empresa de telecomunicações chinesa Huawei Technologies.

 

A Broadcom também é uma das maiores fornecedoras de componentes de redes utilizados por grandes operadoras de data centers, como o Google, controlado pela Alphabet (NASDAQ:GOOGL), e a divisão de nuvem da Amazon.com (NASDAQ:AMZN).

Após os EUA terem proibido as exportações para a Huawei, a Broadcom pode sofrer um golpe de US$ 2 bilhões em suas vendas anuais, um número muito maior do que o previsto.

Segundo o analista, a guerra comercial impacta a gigante Huawei

“Está claro que o conflito comercial entre EUA e China, incluindo a proibição de exportações para a Huawei, está criando um cenário de incerteza política e econômica, além de reduzir a visibilidade”, declarou o CEO da companhia, Hock Tan, em uma teleconferência, de acordo com a Bloomberg. “Nossos clientes estão diminuindo ativamente seus níveis de estoque”.

Ao afirmar que a redução da sua previsão de receitas ainda é “muito conservadora”, a Broadcom se insere entre as primeiras fabricantes de chips a quantificar o impacto da escalada da guerra comercial EUA-China. Não há dúvidas de que isso também oferece uma perspectiva pessimista para outras ações de semicondutores.

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Fraqueza generalizada na demanda

As ações da Broadcom chegaram a afundar 9% no pregão de sexta-feira, antes de recuperarem terreno e encerrarem o dia com queda de 5,6%, a US$ 265,93. O papel apresenta uma valorização de cerca de 5% neste ano, em comparação com os ganhos de 18% do Índice de Semicondutores da Filadélfia, referência da indústria.

Gráfico Semanal Broadcom

 

Além do fraco desempenho de outras empresas do setor, o último balanço da companhia confirma a análise pessimista que fizemos anteriormente para a indústria.
Grande parte do crescimento das empresas de semicondutores se deve à China, onde os gastos com jogos e inteligência artificial impulsionou a demanda por seus produtos.
A desaceleração da economia mundial, principalmente um recuo mais pronunciado na China, continuará pressionando a demanda neste ano.

O último guidance da Broadcom também mostra que o enfrentamento comercial entre EUA e China é a razão para a desaceleração da demanda e que essa fraqueza provavelmente é mais generalizada.

De acordo com a empresa, os fabricantes de equipamentos para os quais ela fornece peças estavam diminuindo as aquisições mesmo antes do banimento da Huawei, e a queda de US$ 2 bilhões em receita reflete a possibilidade de uma contração mais pronunciada.

Resumo

Agora que praticamente já foram divulgados todos os principais balanços das maiores produtoras de chips, está claro que este não é o melhor momento para comprar ações do setor.

O rali deste ano nesses papéis não tinha bases sólidas e acreditamos que esses ganhos vão se evaporar rapidamente à medida que outros grandes playerspassarem a seguir a Broadcom e cortarem suas previsões de receitas.

Um cenário onde a demanda das fabricantes de chips possa se recuperar rapidamente é otimista demais, em nossa opinião. Os investidores fariam melhor se ficarem de fora