Resultado da Vale foi abaixo da expectativa, mas analistas ainda esperam bons dividendos
A Vale (VALE3) divulgou os resultados financeiros na noite desta última quinta-feira (28), com números abaixo da expectativa do mercado. No entanto, 4 das 5 corretoras recomendam comprar as ações da companhia, em relatórios publicados nesta sexta-feira (29).
Segundo o BTG Pactual, a mineradora entregou uma forte geração de fluxo de caixa substancial, com US$ 7,6 bilhões, apenas nos últimos três meses. Leonardo Correa, que assina o relatório do banco, explica que mesmo com todos os problemas vistos entre julho e setembro, a companhia ainda estaria gerando rendimentos de fluxo de caixa de cerca de 25% ao anos.
Além disso, a empresa também lançou um programa de recompra de ações, que pode somar US$ 2,6 bilhões a preços atuais.
“Claramente, um sinal de confiança no caminho futuro da empresa e rentável para os acionistas”, afirma Correa. Por isso, o banco reafirmou a recomendação de compra para Vale com preço-alvo de R$ 115, embutindo uma alta potencial de 56% em relação ao fechamento desta última quinta-feira (28).
O Safra foi na mesma linha, ao reconhecer o impacto da queda dos preços do minério de ferro, mas elogiar a geração de caixa da companhia.
“Apesar do ambiente desafiador para os preços do minério de ferro, ainda vemos a Vale como capaz de gerar um bom fluxo de caixa com potencial para fornecer retorno do acionista”, disse Conrado Vegner, que assina a análise do Safra.
O analista reiterou a recomendação de outperform (desempenho acima da média do mercado) para os papéis, com preço-alvo de R$ 98, avanço de 33%.
Múltiplos atrativos
Além da forte geração de caixa, a XP e a Ágora Investimentos calculam que ação está sendo negociada por múltiplos atraentes.
“Sob um cenário hipotético de preço do minério de ferro a US$ 100 / tonelada, câmbio à vista (R$ 5,60) e 325 milhões de toneladas de vendas em 2022, a Vale ainda estaria sendo negociada a um razoável múltiplo, com um rendimento FCF de cerca de 15%”, diz a Ágora.
A gestora recomenda compra com foco em dividendos, sem citar um preço-alvo específico.
A XP afirma que a empresa está mal avaliada, com o EV/Ebitda para 2022 em 2,9 vezes, abaixo da média dos pares globais, que é de 3,5 vezes. Sendo assim, a corretora recomendou comprar as ações da mineradora, mas não citou um preço-alvo específico.
Uma armadilha para o investidor
Já o Bank of America (BofA) é mais cauteloso e manteve a recomendação neutra para os papéis, com preço-alvo de US$ 19 para as ADRs (American Depositary Receipts) da mineradora negociados na Bolsa de Nova York. O motivo da desconfiança é a China, maior cliente da Vale.
A equipe de research do BofA observa que, mesmo que a economia chinesa salte no quarto trimestre, não se descarta a possibilidade de uma desaceleração no curto prazo. Some-se a isso, a política mais restritiva imposta à indústria siderúrgica local, e o cenário para a Vale fica mais nebuloso.
“Uma ação visualmente barata com queda nos lucros pode ser uma armadilha de valor, pelo menos até que os cortes de expectativas terminem”, afirma o banco.