Restrições às exportações de alimentos começam a diminuir
A onda de medidas protecionistas para produtos agrícolas que surgiram quando o coronavírus se espalhou pelo mundo começa a perder força.
Dos pelo menos 17 países que buscaram limitar as exportações de alimentos para proteger suprimentos locais, cerca da metade voltou atrás em todas ou algumas das medidas, segundo um rastreador do Instituto Internacional de Pesquisa sobre Políticas Alimentares (IFPRI, na sigla em inglês).
Esse grupo inclui vários grandes exportadores de grãos, como Vietnã e Romênia, embora a Rússia, grande exportadora de trigo, tenha mantido as restrições.
As preocupações preliminares com a escassez de alimentos diminuíram em muitas partes do mundo, já que as cadeias de suprimentos continuaram a fluir, apesar dos confinamentos.
Enquanto isso, mesmo restrições de curta duração provocaram estragos na produção agrícola e deixaram cargas encalhadas.
Organizações como a ONU se posicionaram contra medidas que prejudicam a segurança alimentar e aumentam os preços.
“Não havia realmente nenhum problema em ter estoques apertados”, disse Abdolreza Abbassian, economista sênior da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.
“Essas medidas, na melhor das hipóteses, teriam prejudicado os próprios países.”
Muitos governos foram incentivados a diminuir as restrições após avaliarem as reservas globais e terem certeza de que a oferta é ampla, de acordo com Joseph Glauber, pesquisador sênior do IFPRI.
A Rússia, que não descartou futuras cotas, continua a ser exceção, e qualquer redução de colheita resultante do mau tempo pode fazer com que outras restrições sejam restabelecidas.
“Esperamos que seja o fim das restrições às exportações”, afirmou Glauber por e-mail. Mas, segundo ele, todos ficarão de olho em países como a Rússia para ver se a “cota e restrições atuais serão estendidas para o novo ano-safra”.
Por enquanto, o Conselho Internacional de Grãos prevê supersafras de trigo e arroz, e as chuvas na região da União Europeia e do Mar Negro ajudaram a aliviar o temor de seca no auge do período de cultivo de grãos.
As restrições atuais também poderiam prejudicar a reputação de exportadores como fornecedores confiáveis e impactar negativamente agricultores, uma vez que os preços locais divergem dos mercados internacionais.