Restrição de capital da Caixa em alta renda aumenta o foco nas ações da Tenda e MRV
A dificuldade da Caixa em resolver questões sobre a sua restrição de capital pode afetar ainda mais a liberação de crédito para a alta renda e ampliar o foco do mercado nas ações voltadas para o segmento de baixa renda como Tenda (TEND3) e MRV (MRVE3), explica o Bradesco em um relatório enviado a clientes nesta quarta-feira (29).
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O banco ressalta a notícia de que a operação de bond perpétuo de R$ 10 bilhões do banco público com o FGTS sofreu uma medida cautelar do TCU (Tribunal de Contas da União), o que interrompeu o negócio. A notícia é negativa para a disponibilidade de capital da Caixa (Basileia), que precisará encontrar outras alternativas para ficar mais confortável.
“No entanto, ao contrário da emissão de bond perpétuo, essas outras iniciativas não proporcionariam uma solução no curto prazo para a CEF, que, em última instância, poderia permanecer com a concessão de novos créditos restrita (até superar essa questão), o que deverá continuar a afetar negativamente as novas operações de crédito imobiliário para o segmento da média/alta renda, enquanto continuam os empréstimos para mutuários com renda mais baixa, uma vez que estas operações não são inclusas para o cálculo da Basileia”, avalia o analista Luiz Maurício Garcia.
O relatório chama a atenção ainda para a possibilidade de que a Caixa precise reservar mais R$ 2 bilhões adicionais em provisões como resultado do acordo sobre os planos econômicos. Hoje a CEF teria “apenas” R$ 1,5 bilhão para este fim. Há ainda a discussão em torno da possibilidade de o banco precisar retornar cerca de R$ 27 bilhões para o caixa do Tesouro.
“Dito isto, consideramos que os players de baixa renda devem continuar mostrando desempenho superior, dado que este segmento tem um melhor equilíbrio entre a oferta e a demanda, além de representar mais de 70% da demanda nacional por habitação”, conclui Garcia.