Resposta de ex-diretor do Inpe a presidente gerou situação desconfortável, diz Marcos Pontes
Após audiência pública na Comissão de Trabalho da Câmara nesta terça-feira (6), em que se recusou a comentar o assunto, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, respondeu a jornalistas sobre a demissão do diretor do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão.
Pontes foi questionado por deputados de oposição, que cobraram explicações do ministro, que já foi vinculado ao Inpe. Paulo Ramos (PDT-RJ) expressou as críticas de forma mais contundente:
“O presidente do Inpe tinha dado uma entrevista falando que ele estava na presidência do órgão com garantias constitucionais, ele tinha mandato. O que o ministro precisa responder primeiro é: qual o constrangimento que ele impôs ao presidente do Inpe para que ele aceitasse a exoneração? Qual o tipo de ameaça ele recebeu? Por que ele mudou de posição?”
Aumento do desmatamento
Os problemas começaram com a divulgação de números sobre o desmatamento na Amazônia, com aumento de 88% em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado. O presidente Jair Bolsonaro mostrou desconfiança com o levantamento do Instituto de Pesquisas Espaciais, e a crise culminou na demissão do diretor do órgão.
O ministro Marcos Pontes disse que a decisão de sair foi do próprio diretor, após ter trocado declarações pela imprensa com o presidente da República, que chamou os números de “mentirosos”.
“O que eu falei para ele foi exatamente isso: olha, se quando surgiu toda essa discussão, se você tivesse falado comigo, a gente podia ir junto lá falar com o presidente, e ajustar isso no diálogo, que era muito mais simples, trabalhar esse assunto com o ministério, junto. Mas como ele falou diretamente ao presidente, causou uma situação muito desconfortável para ele, desconfortável para mim também, e nessa situação não havia mais clima para ele ficar, ele mesmo falou isso aí”.
Pontes explicou que não haverá mudanças na metodologia de avaliação do desmatamento, mas disse que o sistema do Inpe deve se adaptar a demandas da área ambiental do governo, que precisam de mais precisão e maior rapidez para poder impedir o desmatamento.
Transparência
“O tipo de dados, como vai ser feito a entrega desses dados, isso depende do Ibama. Talvez a gente faça como era feito até o ano passado, entregar os dados primeiro para o Ibama, para que ele tenha tempo de ação, e depois de 5 dias publicar, ou vai ser feito diretamente na página, com transparência, isso é importante. E os dados de desmatamento estão aí. Pode ser 20%, ou 2000%, o fato é que a gente tem de trabalhar na solução do problema, que é reduzir esse desmatamento.”
No lugar do ex-diretor do Inpe foi nomeado um pesquisador ligado à Aeronáutica, o coronel Darcton Policarpo Damião.