República Socialista dos Estados Unidos da América
Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite
Caro leitor,
Até a eleição presidencial de 2016, quando o republicano Donald Trump derrotou a democrata Hillary Clinton (embora ela tivesse vencido no voto popular), socialismo era uma palavra estigmatizada nos Estados Unidos, quase um impropério.
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Só que, naquela ocasião, um candidato com ideias socialistas chegou às semifinais das primárias. Estou me referindo, é claro, ao senador pelo estado de Vermont, Bernie Sanders. Ele disputou com a senhora Clinton até o turno decisivo, eliminando no caminho uma série de concorrentes.
Sanders é extremamente popular entre os jovens, mesmo sendo um tremendo coroa (apenas um ano mais moço do que eu).
É preciso que se explique, para não dar lugar a mal-entendidos, que o que ele propõe é um socialismo light, embora possa ser considerado um escândalo na linha de pensamento WASP (white, anglo-saxon, protestant) que, alinhada com a concepção de país dos rednecks (caipiras), elegeu Trump.
Bernie Sanders defende coisas como universidade e assistência médica gratuita, prática vigente em países nórdicos de altíssima qualidade de vida, e até mesmo na próspera Alemanha.
Agora o velho Bernie anunciou sua candidatura para o ano que vem. Na hipótese de que seja eleito, assumirá com 79 anos e terminará o mandato com 83, isso se não partir para os tradicionais four more years, slogan dos candidatos à reeleição nos EUA. Aí, iria até os 87.
Tudo bem. Bernie Sanders é carismático (no momento é o político, entre os que têm mandato, mais popular dos Estados Unidos), mas não está entrando nessa de socialismo americano sozinho.
Provavelmente nas primárias para 2020 ele terá de encarar, além de Joe Biden, vice-presidente de Barack Obama, os radicais (para o padrão americano, que fique bem claro) Kamala Harris, senadora pelo estado da Califórnia que tem origem indiana e jamaicana, o hispânico Julián Castro, a também senadora (por Massachusetts) Elizabeth Warren e a representante (deputada) de Nova York Alexandria Ocasio-Cortez, ex- barwoman de apenas 29 anos, filha de uma porto-riquenha.
Alexandria ainda não pode ser presidente (a idade mínima é 35 anos), mas tem condições de influir muito na escolha do candidato, tantos são os seus seguidores nas redes sociais.
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Mas o que será que esse pessoal defende que tanto atrai os jovens? Nada mais nada menos do que programas sociais financiados por taxações dos ricos. Ou seja, justamente o contrário da doutrina Trump.
Sessenta e um por cento (vou repetir: 61%) dos eleitores americanos defendem uma taxação de 2% sobre fortunas acima de 50 milhões de dólares e 3% para quem tem mais de um bilhão de dólares. Esse imposto é uma proposta da senadora Elizabeth Warren.
Bernie Sanders propõe criar um imposto sobre heranças superiores a 3,5 milhões de dólares, ao invés dos atuais 11 milhões de dólares.