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Reorganização da Art Blocks faz com que NFTs adquiridos não apareçam nas carteiras

28 set 2021, 10:29 - atualizado em 28 set 2021, 10:29
A reorganização de blocos fez com que um mesmo NFT aparecesse como adquirido por duas contas distintas (Imagem: Art Blocks/Divulgação)

Clientes da Art Blocks estão reclamando, após não receberem obras que supostamente compraram nos últimos lançamentos da plataforma de tokens não fungíveis (NFTs, na sigla em inglês).

A coleção Skuptuur, do artista generativo Piter Pasma, que apresenta mil esculturas digitais “entalhadas a partir de um mar de possibilidades”, foi vendida em menos de uma hora, ontem (27), na seção de curadoria do Art Blocks.

O leilão das obras do artista neerlandês nunca ficou abaixo de 5 ethers (ETH), cerca de US$ 14,5 mil, mas arrecadou, no final, arrecadou um total de 5.281 ethers, aproximadamente US$ 15,3 milhões, de acordo com o usuário do Twitter identificado como FutureAce6.

Desde então, itens individuais, como Skulptuur #647, foram vendidos na plataforma de NFTs Open Sea por 90 ethers (US$ 261,4 mil).

No entanto, alguns compradores ficaram perplexos, quando obras que acreditavam ter adquirido durante emissões disputadas de tokens não apareceram em suas carteiras. 

Um dos possíveis compradores apontou, na página do Art Blocks no Discord, que Skulptuur #445 aparentava ter sido emitido por duas contas separadas, segundo registros da OpenSea.

Outro possível comprador afirmou que gastou US$ 1,4 mil em taxas de gás – custos ligados à verificação da transação no blockchain da Ethereum –, para, em seguida, ver outro usuário reivindicando a peça que acreditava ter adquirido.

“Nunca recebi meu dinheiro de volta, mas isso não é o que eu quero. Quero receber a obra de arte pela qual paguei!”, afirmou o possível comprador. 

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Uma pequena inconveniência

Cerca de uma hora após a emissão do token, um representante da Art Blocks confirmou, via Discord, que a plataforma tinha sido vítima de uma “reorganização de blocos” – o que significa que um bloco de transações temporariamente confirmado na Ethereum foi substituído, depois, por um bloco diferente. 

Esse tipo de acontecimento pode ter ocorrido somente pelo modo como blockchains funcionam (pequenas reorganizações acontecem o tempo todo), ou pode ter sido um usuário colaborando com um minerador, para que este desse prioridade às transações daquele.

“Isso não é algo sobre o qual a Art Blocks tem qualquer controle, essa reorganização aconteceu no nível da Ethereum Virtual Machine como um todo”, disse o representante da plataforma.

O representante forneceu links da Etherscan aos blocos que foram afetados,13308900 e 13308901, e indicou que a versão atualizada do site da Art Blocks pode solucionar esse problema no futuro.

“No novo site, devemos esperar por múltiplas confirmações de blocos, antes de mostrar a vocês um caso bem-sucedido, para evitar essa UX [experiência de usuário] ruim de ver que uma transação aparentemente bem-sucedida não é verdadeira. Nós certamente entendemos a frustração e nos desculpamos pelo problema existir no site antigo”, acrescentou o representante.

Alguns observadores da plataforma Art Blocks perceberam o ocorrido como um exemplo de mineradores na rede Ethereum – que ganham as taxas em troca da verificação das transações – aproveitando-se de suas posições para obterem lucro.

O usuário do Twitter identificado como EthereumDegen disse, em uma publicação, que a reorganização de blocos de transação permite que mineradores “obtenham suas emissões e ganhem dinheiro de graça ao mudarem a ordem das transações”.

“Se você não minera blocos, sua chance de obter um Art Blocks são reduzidas, e esse mineradores estão se aproveitando de nós”, acrescentou o usuário.