Biocombustível

RenovaBio: só 6 empresas aprovadas até agora, mas previsão é emissão de 35% de CBios em 2020

27 dez 2019, 15:03 - atualizado em 27 dez 2019, 15:10
Etanol-açúcar
Biocombustíveis de cana serão a maior parte da produção escalada para emitir créditos do RenovaBio (Imagem: Paulo Fridman/ Bloomberg)

O RenovaBio já está oficialmente valendo e a partir de janeiro as usinas de etanol e processadoras de biodiesel que já estiverem certificadas poderão emitir os CBios (Créditos de Desbiocarbonização). Só seis unidades produtivas estão aprovadas até agora, de um total de 219 que se habilitaram junto à Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustível (ANP) para operarem no maior programa brasileiro de mitigação do efeito estufa.

Mesmo diante dessa curva de empresas que estão ainda aguardando aprovação – em vários estágios, entre os quais consultas públicas -, e das que ainda devem se candidatar, as expectativas são positivas para os primeiros meses da safra do Centro-Sul 20/21, a partir de abril. A do Nordeste (19/20) se encerra em fevereiro.

Das seis aprovadas, duas estão em São Paulo e as outras são do Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Goiás, conforme os dados da ANP até 17 de dezembro. Também não se distingue no quadro (abaixo) o negócio de cada unidade, se etanol ou biocombustíveis de outras biomassas.

Última atualização da ANP sobre empresas aprovadas ao RenovaBio e o número total de solicitações

Paulo Costa, coordenador de biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), lembra que a expectativa do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) é de 35% da produção já certificada na virada do 1º para o 2º semestre de 2020. Mas o ritmo de interesse, segundo ele, e até possivelmente um ritmo mais intenso nos exames da ANP, poderiam antecipar esse dado.

Cada CBio deverá ser equivalente a 700/800 litros de biocombustíveis.

“Temos muitas variáveis de difícil controle para estimarmos um número mais preciso que as indústrias possam jogar no mercado”, analisa o especialista do MME.

Também como ele, o consultor Luiz Carlos Carvalho, da Canaplan, não descarta totalmente a possibilidade de nos primeiros três meses da próxima safra de cana do C-S haver uma emissão de até 35% de CBios dentro do panorama previsto de 5 bilhões de litros de etanol no período.

Não há garantias, entretanto, de que unidades aprovadas emitam CBios. A aprovação da ANP para que façam parte do programa não está condicionada à emissão compulsória desses papéis às distribuidoras de combustíveis, de acordo com o grau de menor emissão de carbono na atmosfera durante seus processos produtivos.

Até 2030, de acordo com estudos do CNPE, poderão ser emitidos 590 milhões de CBios, representando R$ 2,6 bilhões, o equivalente a 10,1% de emissões de carbono que deixaram de ser propagadas.