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RenovaBio pode gerar R$ 1,2 trilhão ao Brasil em 10 anos, diz representante do governo

06 nov 2019, 18:23 - atualizado em 06 nov 2019, 18:23
A audiência foi conduzida pela senadora Katia Abreu (PDT-TO), para quem o consumidor brasileiro já é extremamente beneficiado pelo RenovaBio (Imagem: Pedro França/Agência Senado)

A Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) proporcionará ao Brasil um ganho de R$ 1,2 trilhão, entre investimentos e economia, nos próximos 10 anos, disse nesta quarta-feira (6) o diretor de Biocombustíveis do Ministério das Minas e Energia, Miguel Novato, em audiência na Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT).

A audiência foi conduzida pela senadora Katia Abreu (PDT-TO), para quem o consumidor brasileiro já é extremamente beneficiado pelo RenovaBio.

Isso porque o uso de etanol e biodiesel já proporciona uma economia de R$ 5 bilhões a cada ano nas bombas de combustíveis. Ela lembrou que os biocombustíveis já respondem por 53% da energia do setor de transportes. Novato concordou, dizendo que Brasil já não sobrevive sem os biocombustíveis.

“O biodiesel tem baixado os preços para o consumidor médio nas cidades, para os caminhoneiros e no agronegócio [uso de tratores]. Sem eles, não existiria transporte neste país. E tudo isso com produção local, gerando emprego e renda aqui. E é bom lembrar que o Brasil não tem infraestrutura pra importar gasolina, por falta de portos suficientes, caso fôssemos substituir esta produção local. Hoje gastamos R$ 70 bilhões por ano importando gasolina, mas entendo que estes recursos podem ser economizados nos próximos anos”, informou o diretor.

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O diretor do Minas e Energia disse que o uso de etanol e biodiesel nos próximos 10 anos, proporcionarão ganhos ambientais equivalentes ao plantio de 5 bilhões de árvores

Mercado de carbono

Novato apoiou o pedido da pesquisadora Marilia Folegatti, representante da Embrapa, segundo a qual a empresa aguarda um aporte de R$ 5 milhões para uma nova pesquisa.

O dinheiro é necessário para a definição de uma modelagem de uso da terra, com base científica, atestando a descarbonização na produção. A ausência de uma modelagem própria ainda obriga o Brasil a adaptar modelos de outros continentes, que ignoram as muitas peculiaridades da produção em clima tropical.

“O mercado de comercialização de carbono no mundo é de US$ 87 bilhões por ano (R$ 335 bilhões). Se a gente tivesse este cálculo do uso da terra e pegasse 10% do mercado, seriam mais de US$ 8 bilhões (mais de R$ 32 bilhões) por ano entrando na nossa economia, graças a um investimento de R$ 5 milhões”, lembrou Novato.

Por fim, o diretor do Minas e Energia disse que o uso de etanol e biodiesel nos próximos 10 anos, proporcionarão ganhos ambientais equivalentes ao plantio de 5 bilhões de árvores. Mais do que as arvores existentes hoje na Inglaterra, Irlanda, Holanda, Suíça, Dinamarca e Bélgica somadas.

Ganhos ambientais

A bioquímica Glaucia Mendes, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), apresentou um estudo publicado na científica britânica Nature demonstrando que o etanol brasileiro pode, até 2045, substituir 13% do consumo de petróleo em todo o mundo.

Pode também contribuir com uma queda de 5,6% nas emissões de carbono mundialmente, no mesmo período.

João Adrien, chefe de Assuntos Socioambientais do Ministério da Agricultura, por sua vez, apresentou ainda um estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São paulo (USP), mostrando que os incrementos produtivos na agricultura tropical brasileira proporcionaram ganhos ambientais equivalentes à preservação de 150 milhões de hectares de terra.