Renda fixa requer acompanhamento e estratégia para valer a pena; saiba como fazer
Com a alta da Selic, a renda fixa voltou a ser o principal foco de muitos investidores brasileiros. Não há como negar que a alta da taxa básica de juros é um sinal muito ruim para o desenvolvimento do país, já que a inflação continua alta e o acesso ao crédito está muito limitado.
Por outro lado, os “rentistas” voltaram a sorrir com a volta dos investimentos que pagam, ao menos, 1% ao mês.
Entretanto, para montar uma carteira rentável, é importante acompanhar o mercado a fim de entender como fazer isso de maneira estratégica.
O que se viu no mercado de renda fixa nos últimos dois anos provou que, assim como na renda variável, não existe essa história de investir e esquecer, alocar o dinheiro e só olhar para ele na data do resgate.
Isso porque muitos produtos de renda fixa que foram adquiridos ao longo do aumento da taxa Selic podem não estar oferecendo retornos interessantes.
Poupança X Tesouro Direto
Um ponto que vale ser destacado é a poupança. Investimento muito popular no Brasil, que tem seu rendimento atrelado à taxa de juros básica do país.
Pela regra atual, quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a poupança paga a TR (taxa referencial) mais 0,5% ao mês, o que dá 6,17% ao ano.
Ou seja, a alta da Selic não favorece em nada a caderneta de poupança, que continua rendendo menos do que a inflação. Assim, o melhor é procurar investimentos que ao menos te protejam da desvalorização do real, como o Tesouro Direto IPCA+ ou fundos de inflação.
Outro tipo de investimento para ficar de olho são os títulos prefixados negociados no Tesouro Direto. Muita gente que possuía títulos com prêmios na casa de 8% ao ano, comprados no ano passado, por exemplo, tinha certeza de que era um ótimo negócio.
Porém, com o aumento da Selic, todos os títulos hoje oferecem mais de 12% ano. Que fique claro: 8% ao ano não significa que o negócio será ruim no futuro, principalmente se a inflação retroceder e a Selic voltar a cair até a data de vencimento do título.
Cuidado na hora de sacar o dinheiro investido
Mas hoje, se a pessoa precisar resgatar este investimento antes da hora, provavelmente perderá dinheiro.
Nesses casos, é comum que investidores profissionais realizem a troca de títulos que não estejam mais tão atraentes por outros mais rentáveis.
Essa estratégia exige um pouco mais de conhecimento de renda fixa e mercado financeiro, a fim de evitar vender os títulos nas piores condições possíveis. Mas como a maioria das pessoas não é especialista no assunto, uma alternativa é o famoso preço médio nesses títulos, ao comprar mais papéis do mesmo tipo, mas em melhores condições.
Por isso a importância de nunca colocar todo o seu dinheiro num único produto, mesmo que seja na renda fixa.
O preço médio costuma ser muito criticado, principalmente na renda variável, quando é feito sem planejamento e apenas na impulsividade. Porém, se a estratégia é calculada e bem pensada, ela é muito bem-vinda em qualquer tipo de investimento.
E na renda fixa ganha ainda mais importância, uma vez que o investidor pode melhorar a rentabilidade da sua carteira comprando títulos que estão rendendo mais do que os investimentos feitos anteriormente.
Outro assunto que chama a atenção quando falamos da carteira como um todo é o imposto de renda.
Muita gente faz seus investimentos sem levar em conta o quanto terá de pagar para o leão sobre sua rentabilidade. Se você possui investimentos como CDB, Tesouro Direto, Debêntures não incentivadas, entre outros, a alíquota do Imposto de Renda incide da seguinte maneira:
Até 180 dias – 22,5%;
De 181 a 360 dias – 20%;
De 361 a 720 dias – 17,5%;
Acima de 720 dias – 15%.
Assim, quanto mais tempo você ficar com o seu investimento, menor será a alíquota do imposto a pagar. Para quem deseja trocar de um produto menos rentável por outro mais interessante, muitas vezes será necessário avaliar o impacto do Imposto de Renda na hora do resgate.
Renda Fixa sem Imposto de Renda
Muitos não sabem, mas existem produtos de renda fixa isentos de imposto de renda.
Os mais conhecidos são as LCI e LCA (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio), CRI e CRA (Certificado de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio) e as Debêntures Incentivadas.
É fundamental levar esse ponto em consideração quando for traçar uma estratégia de investimento.
Por fim, vale ressaltar que a renda fixa não é um investimento sem risco, pois não está imune a um calote. Quando você investe numa debênture, por exemplo, você está emprestando dinheiro para uma empresa para recebê-lo no futuro com a correção de uma taxa de juros.
Se a empresa tiver problemas e não conseguir honrar seu compromisso, aquela renda que você considerava garantida pode ir para o ralo.
Portanto, quando o rendimento oferecido for muito maior do que a média de outros produtos similares, busque informações a respeito do emissor da dívida. Mas tenha também em mente que, diferente das debêntures, muitos investimentos de renda fixa são cobertos pelo FGC, o Fundo Garantidor de Crédito.
Com todas essas informações em mente, já é possível ter um ponto de partida para aproveitar a alta da Selic (que deve continuar, diga-se de passagem) e otimizar sua carteira de renda fixa.
Veja quais produtos se adequam melhor ao seu perfil, procure os mais rentáveis e bons investimentos. Lembre-se sempre, acompanhar o rendimento de todos os seus investimentos é fundamental.
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O Money Times publica matérias informativas, de caráter jornalístico. Essa publicação não constitui uma recomendação de investimento.
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*Artigo escrito por Beto Assad, analista de ações e consultor financeiro para o Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar.