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‘Renda fixa plus’ e diversificação: Gestor revela as estratégias do fundo que entregou retorno de 184% em 5 anos

04 jul 2024, 23:55 - atualizado em 04 jul 2024, 23:56
Christian Faricelli, da Absolute Investimentos
Christian Faricelli, da Absolute Investimentos (Market Makers/ Reprodução)

Gestor de um dos fundos que com um dos melhores resultados da indústria nos últimos cinco anos, Christian Faricelli, da Absolute Investimentos, afirma que a casa tem uma filosofia “bem agnóstica” – para eles, não há razão para ter preconceito contra empresas ou setores.

“Às vezes há empresas em que a governança não é a melhor possível, mas a gente não tem problema com isso”, disse durante a edição de aniversário de dois anos do Market Makers, podcast apresentado por Thiago Salomão e Matheus Soares.

Faricelli é um dos responsáveis pelo Absolute Pace Long Biased FIC FIA, fundo de ações que entrega 184% de retorno nos últimos cinco anos, contra 52% do CDI e 42% do Ibovespa. Mas ele mesmo frisa que esse é um trabalho coletivo da casa e que representa “muita gente que trabalha dia e noite” – no caso, seus colegas na gestora.

De acordo com o gestor, Absolute Pace Long Biased FIC FIA, que tem foco em ações brasileiras, baseando-se em análise micro fundamentalista. “Uma parte importante da Absolute é que gente se preocupa em não ter uma carteira que é só uma coleção de boas ideias, mas pensar na construção do portfólio”.

Segundo Faricelli, a principal fatia da carteira (cerca de 30%) é aquela que ele define como “renda fixa plus”: empresas com contratos regulados e/ou que aguentam o pior cenário: energia elétrica, transporte, saneamento e “até shoppings”.

A segunda maior participação é de empresas domésticas, de acordo com Faricelli. “Nessas você tem vários subgrupos que, apesar de o cenário complicado, por múltiplo, fluxo de caixa e rentabilidade, parecem muito baratas.

Ele diz que a gestora “acredita muito” na própria análise e toma cuidado com influência de outros fundos. “Não é porque fundo A, B ou C tem posição, que a gente compra também”, disse.

Outro ponto, explica, é a diversificação. “A gente adoraria ter 20% ou 30% do nosso maior acerto, mas uma posição grande nossa chega a 10% historicamente. Hoje nossa maior posição é 7%. É uma forma boa de tirar o risco no médio e longo prazo”.

A Absolute, destacou, gosta de fazer mais short do que a média do mercado. Há, disse o gestor, short relativo – comprar um ação de banco, por exemplo, para vender outro. “A gente ganhou bastante dinheiro com isso ao longo do tempo”, destacou.

Há também, segundo o gestor, o short de ganho de capital, quando se busca uma empresa sobrevalorizada, e o short com empresas de negócios mais frágeis, contabilidade agressiva ou management desconectados dos acionistas.” A gente busca esse tipo de coisa diariamente, e nessa busca a gente acaba escapando de cascas de banana do mercado”, disse.

A construção do portfólio

Dentre as reguladas, Equatorial (EQTL3) é, segundo ele, uma “incrível empresa, com um valor gerado na Sabesp [SBPS3] que vai ser enorme”, e Eletrobras (ELETR3) tem uma assimetria “muito grande” em termos de taxa de retorno real.

Ele disse estar “muito otimista” com Sabesp, que tem, segundo o gestor, um “ativo que é único, posicionamento diferenciado, geração de caixa e base de ativos enorme”. “É a melhor empresa de saneamento do Brasil”, afirmou.

Administradoras de shoppings, de acordo com Faricelli, seriam outro setor apenas com empresas boas. “Enquanto uma tem um portfólio um pouco melhor, outra tem gestão mais ativa”, disse.

Na frente doméstica Localiza (RENT3) e Vivara (VIVA3) seriam dois destaques da Absolute. A locadora de veículos está, segundo o gestor, com múltiplos próximos das mínimas históricas, enquanto a varejista de joias tem margem alta, estoque que não vence e poder de marca.

“Já o setor de saúde tem vários pontos fortes, entre eles o fato de que tem perspectiva de ser mais rentável e com competição fragilizada”, sublinhou. “A gente gosta muito do case de Rede D’Or [RDOR3]”.

Em commodities, a gestora tem posição “bem pequena” em Vale (VALE3) por conta de um receio quanto ao preço do minério de ferro do médio e longo prazo. Petrobras (PETR4) também é outra posição. “Hoje a posição é pequena pelo preço, não pela execução”.

O Itaú Unibanco (ITUB4) é também uma posição pequena na carteira do fundo, segundo Faricelli, por conta do preço. “O dinheiro que poderia estar no Itaú é melhor deixar em caixa porque, se houver um problema mais forte no Brasil, o banco sofre também”, disse, ponderando que a instituição financeira demonstrou “ser uma fortaleza enorme” diante da concorrência. Stone (STNE), aliás, é outra empresa na qual a gestora investe, por avaliar que a frente de adquirência e a de software não estão precificadas.

Em internacional, segundo o gestor, as posições são muito pequenas. “A relação risco-retorno no Brasil é melhor. Está muito difícil achar short”, afirmou, destacando que vê nos Estados Unidos uma economia arrefecendo e uma inflação indo para curva, com os juros caindo em algum momento. “No Brasil o cenário macro é complicado, mas os preços estão bons”.

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com revista Veja, Estadão, entre outros.
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Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com revista Veja, Estadão, entre outros.
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