Renda Fixa: O que esperar dos investimentos logo após as eleições?
A renda fixa oferece um grau maior de risco aos investidores durante as eleições 2022, mas analistas não recomendam o descarte dos investimentos no Tesouro Direto, CDBs, LCAs, LCIs, CRAs, CRIs e debêntures.
O ajuste fino está no indexador escolhido mais apropriado para o quadro eleitoral que se desenha. A principal dúvida do mercado é quem será o próximo presidente eleito.
Seja ele qual for, irá respeitar o teto de gastos ou se irá optar pelo populismo fiscal que mergulhou o país na pior recessão de sua história entre os anos de 2014 e 2016.
“Nesse cenário, populista, é comum a renda fixa pagar retornos nominais muito mais altos e confundirem o investidor, é bom lembrar que a inflação do modelo populista fiscal é normalmente mais alta, por isso, o investidor tem que estar sempre atento ao ganho real das operações“, explica Leandro Vasconcellos, especialista em finanças e sócio da BRA.
Cenário base
A principal leitura do mercado é que não há espaço para a taxa Selic cair nem tão cedo do seu patamar atual de 13,75% ao ano.
Esse quadro se acentua com a eventual vitória do ex-presidente Lula (PT), que é o cenário base levado em conta pelo mercado financeiro, uma vez que o candidato lidera em todas as pesquisas de intenção de voto.
Na prática, um ciclo de juros elevados por mais tempo beneficia os títulos de renda fixa mais conservadores, que são indexados à Selic ou ao CDI (pós-fixados).
Ambos os candidatos líderes nas pesquisas assumiriam o novo governo com rejeição alta e, portanto, dificuldades políticas para lidar com a necessária restrição fiscal para diminuição da dívida pública. Sem queda da dívida pública há resistência maior para a queda das taxas de juros de longo prazo no Brasil.
“Para a renda fixa, há quase nenhuma mudança de cenário seja quem ganhe”, aponta Victor Zucchi, especialista de renda fixa da Valor Investimentos. O viés que o mercado mais está preocupado é com o risco fiscal.
Na dúvida entre investir na renda variável ou na renda fixa neste período eleitoral, o especialista aponta a segunda alternativa como a mais blindada.
Para quem busca uma estratégia mais arriscada e com potencial de mais ganhos, a compra de títulos prefixados com vencimento de até dois anos pode apimentar sua carteira de renda fixa, afirma Zucchi.
Renda fixa mais amassada
As eleições 2022 somam mais incertezas ao cenário econômico brasileiro. E isso reflete, principalmente, nas taxas de juros de longo prazo.
Títulos prefixados e indexados ao IPCA de prazos longos ainda estão com variação negativa em 2022. No caso do título público Tesouro IPCA+ 2045, a desvalorização chega a 4% no acumulado do ano.
“Se o cenário prospectivo fiscal for positivo, são esses títulos que devem liderar as rentabilidades nos próximos semestres“, comenta Priscila Alves, especialista em finanças e sócia da BRA.
Mesmo com um cenário melhor de inflação no Brasil, a curva futura nos vértices mais longos ainda não cedeu. Ou seja, o mercado ainda vê riscos de um dólar mais forte na saída de capitais além do cenário fiscal desafiador para o próximo presidente.
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