Renda fixa continuará atrativa em 2022 e estes investimentos podem encher o seu bolso
Trocar os altos juros pagos pela renda fixa pelo sobe e desce da Bolsa brasileira não parece um bom negócio para o investidor. Na verdade, a taxa Selic ainda deve continuar por vários meses em patamares elevados, antes que o Banco Central comece a baixar a taxa básica de juros novamente.
Ao que tudo indica a renda fixa (o ato de emprestar dinheiro e recebê-lo de volta com juros) terá gás para continuar atraindo mais e mais investidores até o final de 2022. A mais recente ata divulgada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) confirmou ainda mais as apostas dos economistas.
“O Copom sugere que utilizará o intervalo do sistema de metas para suavizar os efeitos adversos dos choques externos, mas reforça sua sinalização de nova alta da taxa Selic de igual ou menor magnitude”, afirma João Maurício Lemos, economista-chefe da Terra Investimentos.
Na visão do especialista, isso quer dizer que a taxa Selic deve encerrar o seu ciclo de alta no patamar de 13,75% ao ano, com o ajuste final de 0,5 ponto percentual a ser realizado na reunião do Copom em agosto.
O BTG Pactual (BPAC11), que também precifica o mesmo patamar de juros em agosto, entende que o primeiro corte da taxa Selic só deve acontecer daqui um ano, ou seja, depois do segundo trimestre de 2023.
Comprar ou abandonar títulos pós-fixados?
Para Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, empresa de tecnologia e educação para investidores, não é hora de descartar os títulos pós-fixados da carteira como, por exemplo, o Tesouro Selic.
“A grande vantagem é a baixíssima volatilidade. Então, dificilmente um investidor terá surpresas grandes nos pós-fixados como em outros títulos mais arriscados de renda fixa. Remunera exatamente a Selic corrente com boa liquidez. Então, é recomendável, principalmente se o investidor achar que a taxa Selic irá continuar subindo”, afirma Jorge.
Como a taxa Selic só deve começar a cair daqui a um ano, manter posição e continuar aplicando em títulos pós-fixados são estratégias inteligentes para o momento.
“Títulos pós-fixados como LCAs, LCIs, CDBs e Tesouro Selic são os mais indicados. Como o comunicado do Copom deve trazer informação de que essa não será a última alta do ciclo, esses investimentos caem bem como reserva de emergência“, explica Fabio Louzada, que é analista CNPI.
Também economista e fundador da escola Eu Me Banco, Louzada recomenda ativos de até dois anos de vencimento, com liquidez diária e retorno próximo a 100% do CDI.
Hora de apimentar sua renda fixa com títulos prefixados
Olhando para a curva de juros dos títulos prefixados, a opinião dos analistas ainda não é unânime se é chegada a hora de apimentar a carteira de renda fixa. É sabido que os títulos prefixados são os mais arriscados, mas com os maiores potenciais de ganhos ao investidor.
“Tenho menor preferência pelos prefixados, basicamente, por um cenário onde temos poucas garantias que a expectativa de inflação projetada pelo mercado vai ser consideravelmente mais baixa no futuro. Isso geraria retornos esperados positivos, porém, nossas projeções ainda não capitalizam essa convicção”, alerta André Fialho, especialista de renda fixa da Genial Investimentos.
A recomendação da corretora fica restrita aos títulos prefixados com vencimentos bem curtos (de até dois anos), que possuem mais espaço de upside (valorização).
Já na avaliação de Fabio Louzada, dá para aplicar em títulos prefixados longos e garantir taxas que paguem mais de 12% ao ano, afinal cedo ou tarde a Selic deve ficar abaixo dos 10% ao ano, enquanto quem se posicionar agora irá garantir uma boa rentabilidade.
“No curto prazo, o risco de a inflação passar a taxa do prefixado é maior. Então, acredito que o prefixado vale mais no longo prazo. Essa taxa em cerca de 13% é muito boa e atrativa, principalmente comparando com juros de outros países”, afirma o fundador da Eu Me Banco.
Do IPCA + 5% ao IPCA + 12% em um mês
A XP Investimentos dedicou um relatório inteiro só para falar sobre a possibilidade do investidor ganhar 12% ao ano acima da inflação oficial no Brasil, medida pelo indicado IPCA.
A evolução do prêmio pago pela NTN-B 2022 (também conhecido como Tesouro IPCA+ com pagamento de juros semestrais) foi relativamente rápida.
Há seis meses, este mesmo título oferecia remuneração de IPCA + 5,7% para os investidores. E a regra dos investimentos é simples: se há maior retorno, necessariamente o risco é maior.
Quando se fala de um título que vai vencer em 40 dias úteis, o tipo de risco que se encontra é diferente de um título que vai vencer em 40 anos.
“Enquanto o ativo de prazo mais longo pode ficar significativamente negativo devido à marcação a mercado e tem risco de calote mais alto, o mais curto tem como principal risco ter uma rentabilidade menor do que o CDI do período”, afirmam Camilla Dolle, head de renda fixa da XP, e Rodrigo Sgavioli, head de alocação e fundos da corretora.
Ao cabo, a rentabilidade rentabilidade do Tesouro IPCA+ 2022 vai depender do IPCA do período para superar ou não o CDI, e esse IPCA depende, além dos fatores usuais que impactam a inflação, do tamanho do repasse das medidas para o consumidor final.
“Em outras palavras, é difícil estimar se toda a desoneração fiscal vai chegar ao consumidor final na forma de redução de preços e, devido a esta incerteza, a NTN-B 2022 ganha caráter especulativo nessa sua reta final”, afirmam os especialistas da XP.
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