Renda fixa continua atrativa com possível fim de altas da Selic? Veja onde investir
A renda fixa tem ganhando espaço na carteira dos investidores no último ano devido ao ciclo de aperto monetário, com nove aumentos na taxa básica de juros, a Selic, desde março do ano passado.
Na última reunião, em março, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a Selic para 11,75%. Segundo o banco, a escalada de altas dos juros tem sido uma resposta à inflação, que acumula alta de 10,54% nos últimos 12 meses.
No entanto, recentemente, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, sinalizou que o Comitê deve realizar apenas mais uma alta da taxa Selic, de 1 ponto percentual em maio, marcando o final do ciclo de aperto monetário.
Diante deste cenário de desaceleração dos juros, o que os investidores querem saber é se investimentos em renda fixa seguem sendo uma boa estratégia.
Segundo Adriano Rondelli, especialista da Valor Investimentos, e Maria Tereza Kattar, diretora de produtos da Monte Bravo, a renda fixa continua atrativa, pois, no curto prazo, a Selic passará por manutenção até que a inflação comece a arrefecer.
Renda fixa segue na mira dos investidores
Apesar do fim do ciclo de aperto monetário, o especialista da Valor Investimentos afirma que a renda fixa deve seguir na mira dos investidores.
“Após o aumento de mais 1% na taxa antes do fim do aperto, a Selic ainda deve continuar neste patamar por mais um período, talvez um ano”, afirma Rondelli ao pontuar que o cenário segue interessante para a renda fixa.
O especialista diz que as eleições de 2022, somadas ao ciclo de alta de juros também nos EUA e à guerra entre Rússia e Ucrânia, que pressiona a inflação, reforçam a Selic a 12,75% e as incertezas de uma possível queda.
Rondelli lembra que o mercado espera que a Selic ultrapasse os 12,75% previstos pelo BC ainda este ano e afirma que os juros devem se manter em uma média de 11,50% pelos próximos anos.
Onde investir?
A especialista da Monte Bravo diz que ainda existe uma oportunidade para investir em ativos pós-fixados, que continuam com um rendimento atrativo no curto e médio prazo, e em ativos híbridos, que garantem ganho real somado a uma proteção contra cenários que possam pressionar mais a inflação.
“Para o investidor pessoa física, uma alternativa interessante pode ser investir em papéis de crédito privado, como debêntures incentivadas, CRIs e CRAs. Normalmente, estes títulos remuneram acima dos títulos públicos de referência, além de contar com a isenção do imposto de renda”, afirma Kattar.
A especialista ainda reitera que, atualmente, é possível encontrar oportunidades de investimentos com rentabilidade próxima a IPCA+ 6% a.a.