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Renda fixa: 100 dias de Lula e o impasse do corte da Selic; o que esperar dos títulos?

10 abr 2023, 8:16 - atualizado em 10 abr 2023, 8:16
Renda Fixa
Renda fixa aprecia ganhos de marcação a mercado nos primeiros 100 dias do governo Lula. Incerteza sobre queda da Selic limita lucro. (Imagem: Pexels)

A renda fixa conseguiu registrar ganhos de quase 10% na marcação a mercado durante os 100 primeiros dias do governo Lula nesta segunda-feira (10), apesar das incertezas quanto ao corte da taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano.

O título público negociado no Tesouro Direto com maior valorização no período é o Tesouro Prefixado 2029. Nos 100 primeiros dias de Lula, esse título rendeu 5,84% na marcação a mercado. Nos últimos 30 dias, o ganho foi ainda maior, em torno de 7,34%.

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Isso quer dizer que o investidor que comprou o Tesouro Prefixado 2029 no início do ano ou no início de março consegue vender esses títulos de renda fixa com ganhos próximos de 10%, ao passo que o Ibovespa registra desvalorização de mais de 5% desde o início do ano, chegando a operar abaixo dos 100 mil pontos.

No curto prazo, os títulos de inflação com prazos de vencimentos longos também apreciam fortemente valorização na marcação a mercado dado o movimento de fechamento da curva de juros. Quando as taxas caem, os preços dos títulos no Tesouro Direto sobem.

No caso do Tesouro IPCA+ 2045, o investidor acumula ganhos de 6,17% nos últimos 30 dias. Contudo, a valorização no acumulado do ano é de apenas 0,85%. E isso tem a haver com as expectativas com a taxa Selic.

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Renda fixa monitora Selic

Os prazos mais longos da curva futura de juros têm encontrado dificuldades para cair, limitando o potencial de ganhos do investidor com a renda fixa na marcação a mercado.

Segundo analistas, isso se deve à queda de braço entre o governo e o Banco Central sobre quando é o momento de cortar a Selic.

A Ativa Investimentos destaca que o novo arcabouço fiscal foi o tema principal durante março, e que agora o comportamento da inflação e a condução do executivo, na aplicação da nova regra são os pontos que o mercado olha, sobretudo na qualidade de seus resultados.

“A cor dos indicadores econômicos, daqui para frente, serão muito importantes na construção do cenário econômico, a saber se os investidores serão tomadores de risco ou se o posicionamento seguirá cauteloso”, afirma o economista-chefe da Ativa, Étore Sanchez.

Para fechar a conta, o governo reduz os gastos ou aumenta os impostos. Nesse caso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já mostrou que o caminho será na segunda opção. O ministro fala na retirada de benefícios fiscais e na taxação de alguns setores, como jogos e apostas online.

Com essa dinâmica, a Ativa diz ser cética sobre uma condução fiscal positiva e, como consequência, o investidor deve encarar uma inflação fora das expectativas e metas, provocando a manutenção da taxa Selic em patamar elevado por mais tempo.