Renda do algodão virá mais de ganhos de exportações/produtividade e menos dos preços
O Brasil vai para mais uma boa safra de algodão, commodity hoje em posição relevante ao assumir a segunda maior participação mundial, mas deverá assegurar rentabilidade em razão do crescente volume exportado, mais ganho de produtividade, e não pelas cotações apresentadas. Contra vendas externas recordes previstas em 1,5 milhão de toneladas em 2019, a bolsa de futuros de Nova York segue pressionada em ritmo desde 2018.
O contrato principal, dezembro, saiu da ICE Futures nesta segunda (29) em queda de quase 1%, a 66 cents de dólar por libra-peso, quando em junho do ano passado esteve em torno dos 84 c/lp.
Vem sentindo, de acordo com o consultor de gerenciamento de risco da INTL FC Stone, João Victor Brugnera, o aperto da guerra comercial Estados-Unidos e desaceleração da economia global.
E com a produção mundial se encaminhando para um ganho de 5%, ao redor de 27,3 milhões de toneladas, mais a concorrência da fibra sintética, a precificação futura está em linha com um cenário que alimenta mais os estoques de passagem ante um consumo um tanto inelástico, portanto.
A safra brasileira sendo colhida vai a cerca de 2,67 milhões toneladas (Conab) ou de 2,8 milhões/t (setor produtivo) de algodão em pluma, com relativa estabilidade, na compensação menor área maior produtividade por hectare, na análise de Brugnera.
A safra do hemisfério norte, que começa a ser colhida n final do ano, está em bom andamento de plantio, inclusive nos Estados Unidos, onde as chuvas atrapalharam o plantio de grãos. O país deverá crescer em 19,7% produção e a Índia, maior player global, a mais 19,3%, de acordo com os dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
Há uma redução dos estoques na China, maior comprador mundial – por sinal, toda a região asiática, de Bangladesh ao Vietnã são os principais destinos -, mas como o consultor da FC Stone já apontou, a guerra comercial e a menor presença dos produtos desses centros exportadores nas principais economias tolhem os preços.
E os fundos saem das posições.
A mudança poderia vir da próxima rodada de negociações entre Estados Unidos e China, marcada para Xangai, mas as esperanças não são das melhores.