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Renda da população bloqueia o repasse cheio da explosão recorde dos preços do trigo

22 nov 2021, 15:15 - atualizado em 22 nov 2021, 15:41
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Cereal explode no cenário global e mantém sob inflexão os repasses das empresas (Imagem: Freepik)

O trigo cada vez mais fica distante da realidade brasileira para as moageiras, que não encontram espaços para repassar os regulares e pesados ralis diários.

Apesar de o cenário já ter sido descrito há meses, o viés de alta se acentuou nos últimos dias, e o reflexo na CBOT (Chicago) foi sentido desde o dia 8, quando o vencimento de dezembro estava em US$ 7,68 o bushel.

Nesta segunda (22), já alcança US$ 8,41, correndo para fechar a sessão com mais de 2,40% de valorização.

“A situação é tão sem precedentes”, diz Marcelo De Baco, trader e analista, que a Matif, bolsa de futuros de Paris e referência para a commodity na Europa, fechou em torno de 300 euros.

A situação já vinha dada, reitera ele o que já havia dito ao Money Times outras vezes, com a menor produção global e intenso uso do cereal para subtrair parte do milho da ração animal, além de restrições às exportações russas.

Nos últimos dias, o USDA tirou mais de 4 milhões/t da estimativa global de oferta, de setembro, apontando para 775,28 milhões/t.

Agora, os russos voltaram a ameaçar restringir mais seus embarques, para não desbalancear os preços internos, a Austrália com chuvas sobre as lavouras e a colheita argentina apenas entre 18% e 20% no momento, detalha o CEO da De Baco Corretora de Mercadorias.

Enquanto a safra brasileira, praticamente colhida, caminha para fechar em torno de 7,7 milhões/t, com uma leve alta sobre a anterior, seguindo a Conab, De Baco não vê também estímulo para aumentos da importação, que tradicionalmente adiciona até 7 milhões às necessidades das farinheiras para suprir o abastecimento interno.

“Pode se reduzir para 6,6 ou 6,5, sendo otimista”, acrescenta, já que o setor industrial encontra-se “estrangulado” – ainda por fatores como custo de energia e logística -, porque não a população não renda para consumir.

A inflação generalizada em todos os itens de consumo, bate diretamente em fontes de energia que podem ser substituídas por outras mais baratas.