Reino Unido revê plano de controle completo aduaneiro pós-Brexit
O governo do Reino Unido voltou atrás nos planos de impor controle completo das fronteiras depois do Brexit, na tentativa de evitar sobrecarregar empresas que já sofrem o impacto do coronavírus.
Até agora, o Reino Unido havia planejado impor controle completo de todos os bens que entram no país vindos da União Europeia a partir de 1º de janeiro.
Em vez disso, os ministros planejam introduzir um regime alfandegário temporário mais flexível na fronteira, independentemente de o Reino Unido assinar um acordo comercial com o bloco ou não, disse uma pessoa com conhecimento do plano.
“Seria uma boa notícia para muitas empresas, que simplesmente não estão prontas para mudanças caóticas com o nosso maior parceiro comercial no fim do ano”, disse Josh Hardie, vice-diretor geral da Confederação da Indústria Britânica, o maior grupo de lobby empresarial do país.
A nova política de fronteiras segue um acordo entre Reino Unido e UE para acelerar o ritmo das negociações comerciais, após meses de impasse, às vezes marcados por troca de farpas.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, realizam uma teleconferência em 15 de junho com o objetivo de dar impulso às negociações.
Com apenas seis meses para chegar a um novo acordo comercial, o Reino Unido enfrentava obstáculos para recrutar uma fração dos 50 mil agentes aduaneiros que o setor de transportes diz serem necessários para evitar gargalos nos portos britânicos.
Sem agentes suficientes, mercadorias que entram e saem da UE – o maior parceiro comercial do Reino Unido – correm risco de ficarem paradas nos portos.
Johnson tem recebido pedidos para estender o período de transição do Brexit além do prazo de 31 de dezembro e, assim, permitir mais tempo para as negociações. É quando o Reino Unido deverá sair do mercado único da UE e da união aduaneira livre de tarifas.
Compromisso possível?
O Reino Unido resiste às exigências da UE para a pesca e regras destinadas a garantir condições competitivas equitativas entre os dois lados – duas condições de Bruxelas para qualquer acordo.
Mas, após a rodada de negociações da semana passada, Michel Barnier, negociador-chefe da UE, sugeriu que pode ser possível um compromisso em pesca e igualdade de condições.
Na quarta-feira, diplomatas europeus recusaram pedidos do Reino Unido para flexibilizar o mandato de Barnier antes da reunião de líderes da UE que começa em 18 de junho.
O bloco insiste que qualquer acordo inclua disposições que abranjam direitos de pesca, concorrência leal e solução de controvérsias.
Um memorando divulgado após a reunião dos embaixadores descreveu uma situação de “progresso limitado” das negociações até o momento e pedindo maior preparação para uma separação caótica no fim do ano.