Reino Unido pode sofrer crise de abastecimento em meio a déficit de caminhoneiros no país
O Reino Unido pode sofrer com prateleiras de supermercados vazias neste verão europeu e um colapso “inimaginável” nas cadeias de abastecimento depois que a pandemia e o Brexit causaram um déficit de mais de 100 mil caminhoneiros nas estradas, alertaram os líderes deste setor.
Em uma carta enviada no último dia 23 de junho ao primeiro-ministro, Boris Johnson, representantes dos setores alimentício e logístico pediram intervenção pessoal do chefe de Estado.
A ideia é que ele permita acesso à mão de obra europeia, introduzindo vistos de trabalho temporário para motoristas de veículos pesados e adicionando-os a uma “lista de profissões em falta”.
Um porta-voz do governo disse, entretanto, que com o novo sistema de imigração pós-Brexit do país, este setor da indústria deve prospectar trabalhadores locais.
“Os supermercados já estão dizendo que não estão recebendo os estoques de alimentos esperados e, como resultado, há um desperdício considerável”, disse Richard Burnett, presidente-executivo da Road Haulage Association, que coordenou o pedido via carta.
A indústria de supermercados da Grã-Bretanha, liderada por Tesco, Sainsbury’s, Asda e Morrisons, depende de um exército de motoristas e trabalhadores de depósitos para trazer produtos frescos dos campos da Europa para suas prateleiras.
E a indústria logística da Grã-Bretanha foi uma das mais ativas contra o movimento de saída do país da União Europeia, alertando que os motoristas de caminhão não iriam querer ir para o Reino Unido se aumentasse a burocracia na fronteira.
A pandemia agravou o problema depois que muitos motoristas europeus que vivem no Reino Unido voltaram ao seus países de origem.
A carta apontou que a intervenção do governo seria a única maneira de evitar “falhas críticas e em um nível sem precedentes nas cadeias de suprimentos”.
Os caminhoneiros lembraram que a chegada das férias de verão na Europa, a reabertura contínua da economia e os picos na demanda por alimentos e bebidas criados pelo clima quente e os grandes eventos esportivos agravarão o problema. A preparação do Natal também seria atingida.
Em resposta, um porta-voz do governo disse que houve progresso na contratação e no treinamento de profissionais do segmento.
“Nosso novo sistema de imigração deixa claro que os empregadores devem se concentrar em investir em nossa força de trabalho doméstica, especialmente naqueles que precisam encontrar um novo emprego, em vez de depender de mão de obra estrangeira”, disse ele.
A carta foi assinada pelos presidentes de uma série de grupos de logística, bem como grupos da indústria alimentícia.