Reino Unido dá passo para aprovar vacina da Astra antes da UE
O secretário de Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, pediu à agência reguladora de medicamentos britânica para tentar se adiantar à União Europeia e aprovar a oferta da vacina da AstraZeneca contra o coronavírus para acelerar sua distribuição.
Até o fim do ano, quando termina o período de transição pós-Brexit do Reino Unido, as vacinas no país devem ser autorizadas pela Agência Europeia de Medicamentos. Mas, na sexta-feira, Hancock disse que invocou uma regra especial que permitiria à reguladora britânica MHRA autorizar a oferta temporária da vacina desenvolvida pela Astra e Universidade de Oxford, caso os dados forem suficientemente sólidos.
“Pedimos formalmente à reguladora para avaliar a vacina Oxford/AstraZeneca; para entender os dados e determinar se atende a padrões de segurança rigorosos”, disse Hancock em comunicado. “Esta carta é um passo importante para implementar uma vacina da forma mais rápida e segura possível.”
Ao acelerar o processo de aprovação regulatória, o Reino Unido espera poder iniciar o programa de vacinação em massa no próximo mês. O governo comprou 100 milhões de doses da vacina com antecedência e estima que 4 milhões delas estarão disponíveis até o fim do ano.
Mas o passo de Hancock também marcará um ponto político com o Reino Unido perto de concluir sua saída da UE: que o Brexit permitirá ao governo atuar com mais agilidade nos interesses do país, fora da burocracia do bloco.
A presidente da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido (MHRA, na sigla em inglês), June Raine, disse na sexta-feira que o órgão irá “avaliar rigorosamente” os dados sobre a vacina e também buscar a opinião da Comissão de Medicamentos Humanos, que fará sua própria análise.
“A segurança do público sempre estará em primeiro lugar”, disse Raine em comunicado. “Nosso papel é trabalhar de acordo com os mais altos padrões, e segurança é nossa palavra de ordem.”
Otimismo
Dados do ensaio divulgados nesta semana mostraram que a vacina Astra/Oxford impediu, em média, a infecção de 70% dos participantes, aumentando as esperanças de que autoridades possam controlar a pandemia de coronavírus.
Mas questionamentos sobre alguns dos resultados do ensaio levaram Pascal Soriot, CEO da AstraZeneca, dizer à Bloomberg News na quinta-feira que a empresa provavelmente conduzirá um ensaio global adicional para avaliar a eficácia da vacina.
A carta à MHRA pede que a agência avalie a vacinada Astra sob o regulamento 174 de medicamentos para humanos, uma vez que receba dados completos da empresa. Também já foi feito o pedido para que a reguladora avalie a vacina desenvolvida pela Pfizer e BioNTech sob a mesma regra.
A norma “permite a autorização temporária do fornecimento de medicamento não licenciado, inclusive vacinas, em atendimento a uma emergência de saúde pública”, segundo o governo.