Regulador de Singapura aperta cerco contra empresas cripto
Uma autoridade do banco central de Singapura tem alertado repetidamente empresas de criptomoedas de que o governo vai reprimir players que incentivem a especulação na cidade-estado.
Sopnendu Mohanty, diretor de fintech da Autoridade Monetária de Singapura (MAS), recomendou que as corretoras tomem cuidado com a forma como buscam clientes. “Diminuam a empolgação e estejam atentos para quem está vendendo”, disse Mohanty nesta sexta-feira durante cerimônia de abertura do escritório da Cobo, provedora de custódia de ativos digitais. “Singapura não é um lugar para especular. Seremos muito, muito duros com esse comportamento.”
Menos de 24 horas antes, Mohanty havia confrontado empresas do setor na conferência Token2049, tendo chamado a atenção para os vários estandes de expositores montados no evento e destacado a falta de atenção aos potenciais perigos de operar no universo dos criptoativos.
“Veja o que dizem os anúncios. Nenhum deles fala sobre risco”, comentou ao destacar um estande perto do palco que, em sua opinião, trazia um slogan excessivamente ousado. “A conscientização do consumidor é um grande desafio para nós agora. Temos que informar repetidamente ao mercado que essa classe de ativos não é adequada para investidores de varejo.”
Os comentários de Mohanty ecoam preocupações expressas pelo diretor-gerente do banco central, Ravi Menon. Em discurso no mês passado, Menon apontou que a autoridade monetária “considera as criptomoedas inadequadas para uso como dinheiro e altamente perigosas para investidores de varejo”. Eles também reiteram as observações de Mohanty em junho, sobre como a cidade-estado seria dura com práticas irregulares nesse mercado.
“Ficamos presos nessa narrativa da criptomoeda sem entrar na parte do propósito da criptomoeda”, disse Mohanty em outros comentários na conferência Milken Asia na quinta-feira. “Se eu tiver uma criptomoeda, o que vou fazer com isso? Além da especulação. Temos que começar a pensar por esse lado. A moeda correu à frente do propósito que deveria servir.”
Colapsos em Singapura
A crise que atingiu várias empresas cripto de alto perfil e as perdas do mercado neste ano levaram autoridades da MAS e do governo a soarem o alarme.
Algumas das maiores vítimas do crash do setor cripto, como o hedge fund Three Arrows Capital, operavam em Singapura. Vauld, Zipmex e Hodlnaut buscaram proteção de credores depois de não conseguirem cumprir suas obrigações financeiras.
Um dos primeiros defensores da regulamentação dos criptoativos, Singapura tentou se estabelecer como um hub para empresas globais de ativos digitais muito antes de pronunciamentos semelhantes de países como o Reino Unido.
Mas as autoridades de Singapura enfrentaram dificuldades para encontrar uma maneira de incorporar ativos digitais em seu sistema financeiro de uma maneira que protegesse investidores de varejo das fortes flutuações das criptomoedas e dos ataques de intensa especulação.
Ainda assim, ao longo dos comentários, às vezes Mohanty tinha um tom otimista. Ele disse que Singapura quer incentivar o uso de ativos digitais, apenas com o cuidado de evitar especulações ou práticas irregulares.
“O número de propriedade intelectual registrada em blockchain é de longe 10 vezes maior do que o segundo melhor”, que é inteligência artificial ou IA, disse Mohanty na conferência Milken. “O que significa que os melhores e mais brilhantes estão se concentrando neste setor. E vão mudar o futuro.”
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