Economia

Regra fiscal subiu no telhado: Veja o que está travando novo arcabouço

20 mar 2023, 10:39 - atualizado em 20 mar 2023, 11:34
Lula, Rui Costa, Fiscal
Rui Costa, da Casa Civil, foi contra proposta fiscal apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Na sexta-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com Fernando Haddad e outros ministros da área econômica para bater o martelo sobre o novo arcabouço fiscal que substituirá o atual teto de gastos. No entanto, a reunião de mais de duas horas terminou sem nada.

O ministro Rui Costa, da Casa Civil, foi contra a proposta desenhada pelo Ministério da Fazenda, questionando que o modelo pode reduzir o espaço para gastos sociais e investimentos em obras públicas.

A notícia de que a Fazenda espera que a nova regra fiscal zere o rombo nas contas do Governo Federal – ou seja, o déficit público – de 2024, pegou a ala política mais expansionista de surpresa. O grupo não se importa em ser fiscalmente irresponsável se isso for significar crescimento econômico.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, publicou em seu Twitter que a política fiscal tem de ser contracíclica, expansionista.

Por outro lado, Haddad afirma que a reunião foi muito proveitosa e diz que ele não vê essa divisão do governo de ala política e econômica.

“Nem sei do que se trata, porque eu fui candidato a presidente da república pelo PT. Então, de que ala eu sou? Não faz sentido esse tipo de divisão e toda decisão é técnica e política”, afirmou em conversa com os jornalistas.

De volta para a Fazenda

Com isso, Lula pediu para que Haddad ampliasse as conversas com os entes políticos – especialmente com os presidentes do Senado e da Câmara, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira – e com economistas, além de fazer novos cálculos sobre a proposta da nova regra fiscal. Além disso, o Tesouro Nacional também deve fazer alguns cálculos sobre o impacto de um dos pontos da proposta, além de pedir detalhamentos adicionais e simulações.

A perspectiva é de que uma nova rodadas de reuniões se inicie essa semana, sendo que Haddad terá uma queda de braço com a ala política do governo. Mais cedo, o ministro afirmou que torce “para que seja possível anunciar o arcabouço ainda esta semana”.

“Algumas sinalizações já dadas pela equipe econômica, no entanto, são de que a Fazenda quer manter algum controle sobre o crescimento dos gastos, mesmo que isso seja mais flexível do que o atual teto de gastos”, aponta Rafael Passos, analista da Ajax Capital. 

Vale lembrar que Haddad corre contra o relógio. O seu plano inicial era enviar o projeto ao Congresso antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 21 e 22 de março. Agora, o prazo é até a viagem de Lula à China, no sábado (25).

O ministro chegou a cancelar a sua agenda programada para esta segunda-feira para acomodar reuniões com José Guimarães, líder do Governo na Câmara; Jaques Wagner, líder do Governo no Senado; e Rui Costa.

  • Entre para o Telegram do Money Times!
    Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo. Clique aqui e faça parte!

Novo arcabouço fiscal

Embora o texto permaneça trancado às sete chaves e ainda não tenha sido liberado para o Congresso ou imprensa, os rumores são de que a Fazenda quer usar o Produto Interno Bruto (PIB) per capita como referência para despesa.

Pelas regras do atual teto de gastos, criado em 2016, as despesas do Governo Federal são travadas conforme a inflação do ano anterior. Já a regra nova permite que os gastos cresçam acima deste patamar.

A ideia é que a regra fiscal será anticíclica. Ou seja, durante períodos de aceleração econômica, os gastos não crescem. Porém, em fases de baixa, não haveria corte de investimentos públicos.

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar