O compromisso com as reformas estruturais e com a abertura do mercado brasileiro foi a principal mensagem econômica da delegação brasileira no Fórum Econômico Mundial. O evento, que todos os anos reúne líderes políticos e dirigentes de empresas na cidade suíça de Davos, marcou a estreia do presidente Jair Bolsonaro na política internacional. O evento acabou na sexta-feira (25). A delegação brasileira deixou a Suíça na quinta-feira (24).
Acompanhado dos ministros da Economia, Paulo Guedes; das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, Bolsonaro discursou no fim da manhã (horário de Brasília) da terça-feira (22). Num discurso “curto” e “objetivo” como havia anunciado, com duração de 6 minutos e 36 segundos, Bolsonaro reafirmou compromissos de campanha, destacando a intenção de abrir a economia, atrair investidores, fazer reformas, diminuir o peso do Estado e combater a corrupção.
O presidente reiterou que o Brasil vive um novo momento sem nortear suas escolhas em viés ideológico. Ele destacou a importância de o mundo acreditar no Brasil, afirmou que vai reduzir tributos e defendeu uma reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC), sem entrar em detalhes, mas destacando a necessidade de aumentar as trocas internacionais. Acrescentou que o esforço do governo federal será para colocar o Brasil entre os 50 melhores países para fazer negócios.
O presidente reiterou que vai se empenhar para reduzir a pobreza e a miséria no Brasil por meio da educação. Segundo ele, outro esforço é para combater a corrupção e aumentar a segurança pública. Bolsonaro disse estar determinado em manter a harmonia entre o desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente e a biodiversidade.
Por recomendações médicas, a entrevista coletiva de quarta-feira (23) foi cancelada, pois o presidente se prepara para a cirurgia de retirada da bolsa de colostomia. Na quinta-feira (24), antes de embarcar de volta para o Brasil, Bolsonaro fez um balanço positivo da participação brasileira no fórum. O presidente disse ter notado um clima de otimismo entre líderes políticos e empresários estrangeiros interessados no Brasil, que olhavam o país “com muito carinho”.
Bolsonaro fez um apelo para que o Congresso Nacional apoie o governo federal nas reformas estruturais, como a da Previdência Social, e na desestatização de empresas públicas. Ele considerou essencial a colaboração da Câmara e do Senado para dar condições ao governo de implementar as medidas anunciadas por ele durante o encontro.
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Paulo Guedes
O ministro da Economia, Paulo Guedes, teve uma agenda movimentada em Davos. Além de participar de painéis oficiais e de almoços e jantares de negócios, ele teve uma série de encontros paralelos com ministros estrangeiros, presidentes e diretores de organismos internacionais e com dirigentes de empresas.
Na terça-feira, Guedes reuniu-se com ministros dos Países Baixos e de Israel. Na quarta, concedeu entrevista à emissora de televisão Bloomberg, na qual comprometeu-se em zerar o déficit orçamentário ainda este ano por meio da reforma da Previdência, de privatizações de subsidiárias de grandes estatais e de concessões de petróleo na camada pré-sal.
No mesmo dia, Guedes encontrou-se com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno; com o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Ángel Gurría, e com o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo. Na quinta-feira, último dia de compromissos da delegação brasileira, o ministro reuniu-secom o vice-primeiro-ministro de Cingapura.
Segundo o Ministério da Economia, Guedes informou, nos encontros, que a equipe econômica trabalha em uma agenda calcada em quatro pilares: reforma da Previdência, privatizações, reforma administrativa e abertura comercial. Além de comprometer-se com a modernização da economia, Guedes assegurou que os empresários estrangeiros terão segurança jurídica para investir no Brasil.
Guedes informou ainda que o Brasil pretende dobrar os investimentos (públicos e privados) em pesquisa, tecnologia e inovação nos próximos quatro anos e a corrente de comércio – soma de importações e exportações – de 22% para 30% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país). De acordo com o ministro, a abertura comercial ocorreria de forma gradual, para não prejudicar a indústria nacional.
Banco do Brasil
O Fórum Econômico Mundial também representou um reconhecimento para o Banco do Brasil, considerado a instituição financeira mais sustentável do mundo. O banco ficou em 8º lugar entre as dez corporações mais ecologicamente sustentáveis do planeta, sendo a única empresa do setor financeiro a integrar o ranking Global 100 de 2019.