Reforma se aproxima de deadline, Ibovespa perde fôlego e cai
Após superar os 74 mil pontos ao longo do dia, em alta de quase 1,5%, o Ibovespa perdeu o fôlego e terminou a terça-feira (5) em queda de 0,7%, aos 72.546 pontos. Os investidores continuam de olho na sopa de declarações confusas sobre o real apoio dos parlamentares ao projeto da reforma da Previdência.
Gostou desta notícia? Receba nosso conteúdo gratuito
Nesta manhã, os investidores avaliaram com otimismo os números da produção industrial no Brasil. O crescimento foi de 0,2% em outubro, na comparação com setembro, na série com ajuste sazonal. Este foi o segundo resultado positivo seguido, acumulando ganho de 0,6% em dois meses. No acumulado do ano, o crescimento da produção industrial é de 1,9%.
O dia também foi negativo nas bolsas americanas. Por lá, o índice Dow Jones encerrou em baixa de 0,46%, enquanto o S&P 500 recuou 0,37% e a Nasdaq finalizou a sessão em baixa de 0,2%. Mais cedo, as bolsas europeias e asiáticas também finalizaram o dia no território negativo.
Enquanto isso, em Brasília…
Operadores trabalharam nesta terça-feira com um olho na tela de cotações e outro nas declarações confusas emitidas de Brasilia. Com o cronograma apertado para votar a reforma da Previdência ainda neste ano, a quarta-feira (6) poderá ser decisiva para mensurar os votos a favor da pauta já que está prevista reunião do PSDB.
Tanto Michel Temer quanto Rodrigo Maia já deixaram claro que o projeto só irá ao plenário da Câmara caso as condições estejam favoráveis. “Vamos fazer conta primeiro para ver se a gente tem número. A gente não vai a voto sem número”, declarou o presidente da Casa.
Como se trata de alteração constitucional, o governo precisa de 308 votos para aprovar a proposta em dois turnos. Daí o interesse por quem vai “fechar questão”, ou seja, quando se trata de uma decisão tomada pela maioria da executiva nacional do partido, sob risco de punição aos desobedientes.
Até o início da tarde era a aposta de que o PMDB iria nesse caminho que alimentou a alta do Ibovespa. Segundo o líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi, a executiva nacional do partido já teria maioria para aprovar o fechamento de questão. Há a expectativa de que o PSDB também puxe essa dianteira.
Ao longo do dia, porém, o otimismo perdeu a fôlego. De acordo com o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer, o partido não deve fechar questão sobre a reforma. “Nós não precisamos fechar questão se o partido do presidente não fechou”, argumentou, ao se referir ao PMDB.
Simultaneamente, no DEM, enquanto o senador José Agripino afirmou considerar pouco provável a aprovação da pauta na Câmara, Rodrigo Maia não foi taxativo quanto a fechar a questão: “O DEM tem votado majoritariamente com a orientação do líder e do presidente sem fechar questão. Acho que, conversando, o DEM terá um número bem grande de parlamentares votando a reforma da Previdência.”
Por ora, sem fechar questão, o PTB orientou deputados a votarem a favor da reforma, conforme carta aberta assinada pelo presidente nacional do partido, Roberto Jefferson.
Segundo a coluna Radar da revista Veja, o líder do governo na Câmara, André Moura, disse a um deputado que, hoje, não há nem 170 disposto a votar a favor da proposta.