Refinaria Landulpho Alves, da Petrobras, está praticamente vendida ao Mubadala
A refinaria baiana Landulpho Alves, segunda maior do Brasil, já está praticamente vendida pela Petrobras (PETR3; PETR4) ao fundo de investimentos Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos. Embora a estatal tenha solicitado, a outros interessados, novas propostas vinculantes pela refinaria, o mercado dá o negócio como certo.
Pelo menos, esta é a avaliação da Ágora Investimentos. Num breve comentário para os clientes sobre o processo de venda da refinaria, os analistas Vicente Falanga e Ricardo França afirmam que “as vendas das refinarias da Petrobras seguem um regimento muito rígido, que inclui uma fase final obrigatória de nova licitação, antes de fechar o negócio”.
Esse procedimento foi realizado ontem (3) pela estatal, após concluir as negociações com os árabes. Assim, para a Ágora, o convite a potenciais interessados a Landulpho Alves é, na prática, apenas uma formalidade. “A Petrobras já garantiu virtualmente a venda, sendo a Mubadala a adquirente”, declarou a gestora.
Polêmicas
Inaugurada em 1950, a refinaria Landulpho Alves foi a primeira construída no país e tem capacidade para processar 323 mil barris de petróleo por dia. Isso corresponde a 14% da produção diária do Brasil. Se concretizado, o negócio marcará o início efetivo da saída da Petrobras do setor de refino.
Embora o monopólio da estatal sobre esse mercado tenha sido extinto, legalmente, há 20 anos, a Petrobras manteve intacto seu domínio, detendo 98% da produção brasileira de combustíveis.
Agora, a empresa planeja vender metade de sua capacidade de refino, representada por oito refinarias avaliadas em mais de US$ 10 bilhões. Os desinvestimentos, contudo, chegaram a ser questionados pela mesa diretora da Câmara dos Deputados em ação apresentada ao STF.
Na ocasião, os deputados pediram a suspensão dos procedimentos de venda das refinarias, com o argumento de que a Petrobras deveria ser autorizada pelo Congresso a tanto. No início de outubro, o STF decidiu, por seis votos a quatro, que a estatal não precisa do aval do Legislativo para vender ativos.
Assim, as negociações foram retomadas. O Mubadala havia apresentado sua oferta pela Landulpho Alves em junho. Nenhuma das partes detalhou valores, mas sabe-se que a transação envolverá, também, oleodutos e terminais.