Redução da Selic: ‘Pior cenário é cortar e ter que voltar a subir’, diz ex-BC e economista do Itaú
A redução da Selic a partir de agosto entrou de vez no radar do mercado. O Banco Central já adiantou na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) que, se a inflação seguir em movimento de quedas, terá espaço para dar um fim no ciclo de manutenção da taxa básica de juros.
No entanto, a autoridade monetária destaca que será necessária parcimônia na hora de cortar os juros e o economista-chefe do Itaú Unibanco e ex-diretor de Política Econômica do Banco Central, Mário Mesquita, concorda.
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“A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”, diz o texto da ata.
Já Mesquita aponta que “o pior cenário para a economia” é o BC cortar a Selic – pressionado pelo governo e agentes econômicos, e não considerando os indicadores e perspectivas – e ter que voltar a subir meses depois. “O Banco Central está certo em ser parcimonioso”, disse em evento com a imprensa, nesta quarta-feira (28).
O economista lembrou que outros países chegaram a paralisar ou até mesmo reduzir os juros antes da hora e precisaram voltar com o aperto monetária. No caso do Brasil, além da inflação, o BC também está de olho no mercado de trabalho. Embora os dados apontem para um aumento do emprego formal, a taxa de desemprego se mantém relativamente estável, mas com menor taxa de participação em relação ao período pré-pandemia.
Na projeção de Mesquita, o Banco Central deve promover dois cortes de 0,25 ponto percentual, seguidos de outros dois de 0,50 pp. Com isso, 2023 termina com uma taxa de juros em 12,25%; além disso, a expectativa para o ano que vem é de uma Selic em 10%.