Rede Bandeirantes está com a corda no pescoço, avalia Fitch
A Rede Bandeirantes está em uma posição difícil de receitas de publicidade fracas, custos elevados e uma enorme quantidade de empréstimos bancários com juros altos vencendo no curto prazo. A avaliação é da Fitch Ratings, que analisa a qualidade do crédito da empresa em títulos de dívida. A nota do grupo caiu de B (altamente especulativo) para CCC (risco de crédito substancial). Na escala de 11 etapas que vai de AAA a RD (Inadimplência restrita), a Bandeirantes está no sétimo degrau.
Segundo a agência, as companhias de mídia vêm sofrendo com a diminuição da importância da TV aberta em função do aumento de volume de propaganda na TV paga e na internet. “As fracas condições de mercado continuarão impedindo quaisquer melhorias significativas nos preços de publicidade, já que os orçamentos dos anunciantes continuam restritos. A Fitch não prevê qualquer recuperação significativa na demanda por publicidade a curto prazo”, explica o analista Alvin Lim, que assina o relatório.
Condições da empresa
A Fitch ressalta que a Bandeirantes está com a geração de caixa negativa, ou seja, está pagando para trabalhar. No ano passado, essa medida financeira (Ebitda – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) trouxe ao caixa da Band R$ 200 milhões, segundo estimativas da Fitch, bem abaixo dos R$ 275 milhões de 2015. Uma das motivadoras de tal desempenho é a “ausência de conteúdo da companhia para transmissão de grandes eventos esportivos”. A emissora deixou de transmitir os jogos do Brasileirão de futebol, por exemplo.
“A posição de mercado da RTB (Rádio e TV Bandeirantes) é fraca, e a Fitch não estima qualquer melhoria relevante na participação de mercado da companhia, devido ao intenso cenário competitivo. A companhia é a quarta maior operadora de TV do Brasil, com aproximadamente 4% da parcela de mercado, em um setor altamente concentrado no país e dominado pela Globo Participações S.A”, ressalta Lim.
Dívida
A parte mais complicada da situação financeira da Band é a alta dívida de curto prazo da companhia, que a obriga a rolar as suas obrigações com juros cada vez mais altos. Os R$ 302 milhões que podem vencer em breve representavam 37% do total em setembro de 2016, enquanto o caixa era de R$ 59 milhões.
A saída para o grupo, aponta agência, é continuar com as suas iniciativas de redução de custos, enquanto assegura a atratividade do conteúdo para melhorar a geração de fluxo de caixa e cobrir confortavelmente suas elevadas despesas financeiras.