Recuperação econômica do Brasil é a pior desde 1990, diz BofA
A recuperação da economia brasileira é a mais lenta desde a década de 1990, a despeito da agenda microeconômica positiva do governo federal e da iminente aprovação final reforma da Previdência, avalia o Bank of America Merrill Lynch em um relatório enviado a clientes e obtido pelo Money Times.
Na comparação com outros períodos de retomada, a partir de 1997, 2002 e 2008, o banco evidencia a lentidão da economia brasileira.
Recuperação mais lenta desde os anos 1990 (índice PIB)
Impacto real
“O governo está focado na agenda microeconômica para permitir aceleração do crescimento a frente”, avaliam os economistas David Beker, Ana Madeira, David Hauner e Claudio Irygoyen. “A aprovação da reforma da Previdência na Câmara aprimorou os prognósticos para a dinâmica fiscal e o crescimento”, completam.
Por outro lado, o impacto real na economia ainda permanece incerto. “A agenda é claramente positiva mas o desafio é que o crescimento permanece fraco e o efeito destas medidas é difícil de monitorar e estimar”, afirma o Bank of America Merrill Lynch.
Apesar da dificuldade, os economistas ressaltam as seguintes medidas dentro da agenda do Palácio do Planalto: MP da Liberdade Econômica, modernização das leis trabalhistas, maior retirada dos recursos do FGTS e a redução da burocracia.
Incertezas e investimentos
A reforma tributária deverá estimular o crescimento econômico no médio prazo pela melhora na produtividade na eficiência, argumenta o relatório.
“No entanto, pode postergar decisões de investimento no curto prazo dadas as incertezas que a mudança no sistema de tributação pode gerar”, aponta o Bank of America Merrill Lynch.
“Em suma, as reformas estruturais em voga no Brasil e são positivas, mas o impacto no nível de produto somente será visto no médio e longo prazos”, avaliam os analistas.
Reforma precificada
A avaliação de 2019 e os prognósticos para a recuperação permanecem, para o Bank of America Merrill Lynch, extremamente nebulosos.
“As surpresas negativas no início do ano levou o Boletim Focus a cortar as projeções para o PIB de acima de 2,5% para menos de 1%. O progresso dentro da reforma da Previdência foi positivo e amorteceu as condições externas desafiadoras, mas já foi precificado pelo mercado”, dizem os analistas.
Sem novidades
Como remédio, “o investimento do setor privado e o consumo devem ser as alavancas para no curto prazo o País voltar a crescer, mas são necessários novos estímulos positivos para ganhar momentum”.
Por fim, o ceticismo reina. “Enquanto isso, motivos positivos para o otimismo ainda faltam. Não existe praticamente espaço para estímulos fiscais dado o orçamento público rígido e apertado”, conclui o banco.