Recuperação da Cielo não deve vir tão cedo, afirmam analistas
Os resultados do quarto trimestre de 2019 da Cielo (CIEL3), divulgados na noite de ontem (27), desanimaram os analistas. A companhia de meios de pagamentos reportou lucro de R$ 242 milhões no período, enquanto o consenso do mercado falava em R$ 330 milhões.
“Embora a empresa afirme consistentemente que o foco não é o lucro de curto prazo, este é o segundo trimestre consecutivo com ganhos consideravelmente abaixo do consenso”, destacou o analista do setor financeiro da XP Investimentos, Marcel Campos.
No ano, o lucro da empresa atingiu R$ 1,5 bilhão, queda de 49,7% em relação a 2018. O Ebitda recuou 50,6% em 2019, totalizando R$ 1,8 bilhão.
Apesar da má performance da Cielo, Campos acredita que os volumes estão crescendo, embora não enxergue avanços consistentes nas margens – a margem Ebitda anualizada, por exemplo, caiu de 56,5% para 33,9%.
“Como consequência, a Cielo não deve ser capaz de recuperar sua rentabilidade em futuro próximo”, avaliou o analista.
A corretora tem recomendação neutra para as ações, com preço-alvo de R$ 7.
Cautela nunca é demais
O Safra classificou os resultados como “decepcionantes” e manteve uma visão mais cautelosa sobre a companhia.
“Embora a Cielo tenha entregado um bom resultado trimestral pela unidade de negócios da Cateno (alta de 15,1% do Ebitda na comparação ano a ano), acreditamos que a deterioração do rendimento continuará e os custos para a recuperação de volumes permanecerão pressionados”, afirmaram Luis F. Azevedo e Silvio Dória, da equipe de análise do banco.
A recomendação do Safra para os papéis da empresa é neutra, dada a maior dificuldade para adquirir novos negócios dentro de um cenário mais competitivo.
O que esperar para 2020?
Com a apresentação de dados aquém das estimativas, a Ágora Investimentos decidiu manter praticamente inalteradas as previsões para a Cielo em 2020, incorporando uma perspectiva mais “benigna” à take rate (taxa que fica com o adquirente) no primeiro e segundo trimestres.
“Isso pode fazer com que nossas estimativas para o ano pareçam mais otimistas do que há algumas semanas, quando atualizamos nossos números e recomendações”, comentaram os analistas Victor Schabbel e José Cataldo.
A corretora, que recomenda venda para as ações com preço-alvo de R$ 6,50, espera que o consenso de mercado revise suas projeções, atualmente em R$ 1,4 bilhão para 2020, a níveis mais próximos de sua previsão, que é de R$ 1 bilhão.