Recuperação da Americanas (AMER3): Os únicos que vão ganhar são os advogados, diz Verde Asset
O Verde Asset, uma das maiores gestoras do Brasil, partiu para cima da Americanas (AMER3) e classificou o rombo de R$ 20 bilhões da empresa de “maior fraude da história corporativa do Brasil”, mostra a carta mensal de janeiro.
A gestora detém debêntures da Americanas, sendo que a primeira compra ocorreu em maio de 2020. O prejuízo para o fundo foi de 14 bps (pontos-base), o que limitou seus ganhos para 2,7% em janeiro.
O anúncio das inconsistências, comunicada por Sergio Rial no último dia 11 de janeiro, provocou um colapso no preço das ações, bonds e debêntures da Americanas, levando ao pedido de recuperação judicial poucos dias depois.
“Fomos vítimas de uma fraude. Há quanto tempo que esta fraude existe, quem foram os principais responsáveis e beneficiários, é assunto que será amplamente discutido e explorado no judiciário”, escreve.
Para os gestores, a recuperação judicial da companhia será um processo longo, ruidoso “ao fim do qual os únicos ganhadores serão os (inúmeros) advogados envolvidos”.
“Quanto mais tempo levar, menor a chance de alguma recuperação relevante para a companhia (e seus funcionários, fornecedores, credores e acionistas)”, discorrem.
Além disso, o Verde argumenta que beira “o inacreditável que somente 23 dias após o fato relevante que alguém da companhia, seja na área financeira, seja na alta gestão, tenha sido afastado”.
Na última sexta-feira (3), o conselho de administração da Americanas decidiu afastar os diretores estatutários.
O que a Verde fará?
A gestora diz que seguirá investindo em crédito, “com um portfólio bastante diversificado, apoiando boas companhias, em estruturas com boas garantias e retornos adequados”.
Além disso, a Verde, em conjunto com outros debenturistas, vai exercer seu dever fiduciário de preservar o melhor interesse dos cotistas.
“Quem investe em crédito sabe que este tipo de risco existe. O processo de diligência bem-feito deveria mitigá-lo, mas nunca é possível escapar totalmente do risco da fraude.”
Papel dos acionistas de referência na Americanas
Sobre os acionistas de referência da Americanas, Carlos Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, o Verde diz que os três, “diante da escolha entre aportes para reparar um pedaço substancial da fraude, ou preservar sua reputação/legado, tem ficado silentes, mas claramente escolheram a opção financeira”.
Os credores querem uma injeção de capital de pelo menos R$ 15 bilhões, enquanto os investidores bilionários não ofereceram mais de R$ 6 bilhões.
No último domingo, o trio chegou ao Brasil para negociar diretamente com os bancos.
Segundo a Bloomberg, Sicupira assumiu as negociações para tentar chegar a uma solução negociada para a varejista brasileira.