Recuo no consumo e carrego de estoques tiram força do feijão de 1ª safra
O consumo de feijão deveria estar mais aquecido nesta época do ano e, coincidindo com a disponibilidade menor, os preços estariam avançando mais. Como não está acontecendo, a primeira safra do grão, a maior das três, projeta um recuo de área e produção, tendo a competição cada vez mais acirrada da soja entre as culturas de verão mais rentáveis.
Há quase três meses que o recuo no consumo e acumulo de estoques (até por uma 2ª safra que foi mais positiva em 2019) são sentidos pelos analistas, como Jonathan Pinheiro, da Safras & Mercado, portanto os produtores já visualizavam o cenário. A soja começou a ser plantada em setembro e o feijão começou agora em outubro.
O feijão carioca tem oscilado bastante e a média de preço segue em R$ 180,00 a saca (60 kgs). O preto, a R$ 160,00, é o que tem mais sofrido a pressão de consumo em queda, segundo Pinheiro.
“Não será também um recuo muito expressivo, especialmente em área, mas nota-se um certo desânimo dos produtores”, avalia o analista de mercado, para quem a primeira safra do pulse pode ficar entre 900 e 905 mil hectares, contra 919 mil/h da passada.
Em produção, a safra colhida entre janeiro e fevereiro de 2019 foi de aproximadamente 1,360 milhão de toneladas e a que está sendo lavrada agora para ser arrancada no começo de 2020 deve ser 1,2 milhão/t, na expectativa mais conservadora do analista da Safras & Mercado.
“Ainda há algumas análises que estão mais otimistas, mas historicamente estamos vendo uma primeira safra menor”, afirma.
Proporcionalmente, a segunda safra anual de feijão, a partir de maio, tem mostrado mais vigor. Já sem a concorrência da soja e com clima mais favorável – como neste ano – a situação ficou mais favorável, sobretudo no Paraná, maior produtor nacional. O estado colheu mais de 420 mil toneladas, quase que dobrando sobre a colheita da primeira safra. E isso ajudou a trazer mais estoques até o momento.