Recuo da soja pode ser ‘voo de galinha’ se a China voltar com tudo após feriadão
A soja renovando a queda da segunda, em Chicago, tem chance de seguir dessa maneira ao longo da semana. Talvez se estabilizando em patamares menores, como nesta terça (29). Mas pode ser um voo de galinha, ao contrário. Tem meios para voltar a subir na próxima semana.
A China é o principal fator para o potencial de retomada.
Nestes dias de feriadão dos 70 anos da República Popular da China, não há vendas do grão americano para lá. “Mas se mostrar novos sinais de que a demanda segue aquecida, pode, sim, refletir em Chicago”, pensa Adriano Gomes, analista da AgRural.
Junto com os chineses fora das compras, o plantio acelerado nos Estados Unidos está dando sustentação, com clima favorável, à colheita acelerada, em 20%, contra 6% do ano passado. E vem pressão negativa, portanto, acentua Vlamir Brandalizze, para quem também as boas condições das lavouras, reportadas pelo governo, influenciam numa conta que pode dar em 117,3 milhões de toneladas.
Todos os contratos fecharam em torno de 3,6 a 4,2 pontos menores, respectivamente do março ao novembro próximo, alinhados nos US$ 9 e pouco o bushel.
A questão que se coloca, no entanto, é quanto de suporte pode ir perdendo a soja para que não comprometa o ritmo de recuperação acima dos US$ 10, o bushel, depois que perdeu esse patamar?
O consultor da Brandalizze Consulting acredita na retomada, se e quando os chineses confirmarem o apetite pela commodity dos Estados Unidos, até agora firmes. As importações da China estão bancando boa parte dos cerca de 65% da safra já contratada e sendo embarcada, avalia ele.
Mas a AgRural adiciona dois fundamentos nesse caldo dos preços futuros.
Adriano Gomes espera que o farelo e o óleo de soja “estanquem suas perdas para a soja ter nova reação”. Segundo seu acompanhamento, óleo caiu de 35.46 centavos de dólar por lipra-peso, para a mínima (hoje) de 32,32 c/lp, na tela de dezembro; o farelo perdeu quase US$ 10, depois de atingir os US$ 339,6 a tonelada curta.
O outro sinal que o analista comenta é o clima no Brasil, podendo começar a precificar a soja. As chuvas estão muito atrasadas, mas ele acredita que a volta das precipitações, em boas condições, esperadas para a segunda quinzena de outubro, não impedem que o Brasil faça uma nova boa safra, a 20/21.