Recorde atrás de recorde: Ouro finca bandeira no nível histórico dos US$ 3 mil por onça-troy

O ouro começou o ano em ritmo de valorização em meio às incertezas geopolíticas e econômicas e, no início do mês, passou a operar no maior nível da história — renovando recordes atrás de recordes.
Na última quinta-feira (27), por exemplo, o contrato mais líquido do metal precioso, com vencimento em abril deste ano, encerrou as negociações a US$ 3.061,0 na Comex, divisão de metais da New York Mercantile (Nymex) — o maior nível até agora.
Já nesta sexta-feira (28), o ouro atingiu a cotação máxima intradia história a US$ 3.094,90 por onça-troy. O recorde anterior foi registrado na véspera (27) ao atingir US$ 3.071,30 por onça-trou durante a sessão.
Na semana passada, o Conselho Mundial do Ouro (World Gold Council) afirmou que a disparada de US$ 2.500 por onça-troy para US$ 3.000 por onça-troy foi a mais rápida já registrada.
No acumulado de 2025, o metal precioso já tem alta de quase 20%.
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Mas, afinal, o que tem impulsionado o ouro?
O ouro atingiu ultrapassou a marca de US$ 3.000 por onça-troy pela primeira vez em 14 de março e as incertezas econômicas e a política comercial dos Estados Unidos são os principais “empurrões” para o forte avanço da commodity nos últimos dias.
“O ouro é conhecido como um ativo de proteção inflacionária e no meio das questões envolvendo a política comercial dos Estados Unidos, como por exemplo, as tarifas de importação a vários países — que podem trazer mais inflação para economia global”, afirmou Lucas Carvalho, head de research da Toro Investimentos em entrevista ao Money Times.
Na mesma linha, os analistas do Morgan Stanley destacaram, em relatório recente, que a incerteza tarifária está favorecendo a busca por ativos seguros, como o ouro — com um aumento nos esforços dos países para importar o metal antes de uma possível rodada de taxas extras de Donald Trump.
Por outro lado, a China — o principal rival econômico dos EUA e alvo das taxas de Trump — é uma das protagonistas na corrida pelo ouro recente. Hoje, o Banco Central chinês (PBoC, na sigla em inglês) corresponde a cerca de 48% da demanda do metal no mundo.
Os Bancos Centrais da Turquia e da Polônia também têm “corrido” na busca pelo ouro nos últimos meses.
“Os BCs vêm se desfazendo de parte das suas treasuries norte-americanas, que é considerado também um ativo de livre risco. No passado eram as treasuries, agora é a vez do ouro”, disse Carvalho.
Vale lembrar que as treasuries são títulos da dívida do Tesouro dos Estados Unidos e considerados o investimento mais seguro do mundo, pelo fato de o governo dos EUA nunca ter dado calote na história e ainda ser o emissor da moeda — no caso, o dólar.
Quando a moeda norte-americana perde força, o ouro ganha maior destaque entre os “ativos de proteção”.
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Além da proteção contra a inflação, o metal precioso também é um ativo de reserva de valor — principalmente em períodos de incertezas, entre elas a possível desaceleração econômica dos Estados Unidos e os conflitos geopolíticos no Oriente Médio e Rússia-Ucrânia.
“Existem indicadores que mostram uma desaceleração econômica nos EUA mais pronunciada no segundo semestre e o dólar pode perder força. Isso motiva mais investidores e bancos centrais a buscarem o ouro novamente como proteção de valor”, afirmou Carvalho, da Toro Investimentos.
Ouro vai subir ainda mais?
Na avaliação da Toro, o ouro deve permanecer em patamares historicamente elevados por algum tempo. “Olhando até o movimento de análise técnica, existe um movimento muito forte de alta.”
Mas, como todo o ativo, há riscos de quedas. “Caso o cenário melhore abruptamente, como o fim das tensões entre Rússia e Ucrânia, isso pode gerar um certo alívio”, disse Lucas Carvalho, head de research da Toro Investimentos, ao Money Times.
A corretora recomenda uma exposição do portfólio de investimentos a ouro entre 7% a 10%.
Segundo Carvalho, o investidor pode estar exposto ao metal precioso por ETFs (Exchange Traded Funds, que significa Fundos de Índice ou Fundos Negociados em Bolsa), BDR de ETFs (Brazilian Depositary Receipts de ETFs estrangeiros, que são valores mobiliários emitidos no Brasil, que possuem como lastro cotas de ETFs emitidos no exterior), ou por outros fundos de investimentos.