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Recessão? Pelo menos a inflação pode ser controlada; veja o que dizem os economistas

02 dez 2021, 17:08 - atualizado em 02 dez 2021, 17:09
Banco Central
O PIB recuou -0,1% entre julho e setembro, enquanto o dado anterior foi revisado de -0,1%, para -0,4% (REUTERS/ Ueslei Marcelino)

A indicação de que a economia brasileira entrou em recessão no terceiro trimestre reduz a possibilidade de que o Banco Central acelere novamente o ritmo de aperto monetário, como ainda esperava parte do mercado.

Após os números divulgados nesta quinta-feira, alguns analistas acreditam que o comunicado do Copom na próxima semana pode até sinalizar desaceleração da magnitude de alta da Selic em 2022.

O PIB recuou -0,1% entre julho e setembro, enquanto o dado anterior foi revisado de -0,1%, para -0,4%. O índice foi influenciado para baixo principalmente pela queda de -8% na agropecuária, além do recuo de -9,8% nas exportações de bens e serviços, segundo o IBGE. Veja o que dizem os analistas:

Carlos Menezes, gestor da Gauss Capital

  • Mercado está começando a desmontar a aposta em um BC muito duro, à medida que o resultado do PIB mostra uma “recessão chegando”
  • “Isso reduz bem a chance de o Copom ser hawk”
  • “Acredito que a chance de o BC indicar desaceleração de ritmo para a próxima reunião é alta”
  • BC deve manter ritmo de 1,5pp no Copom da próxima semana

Fernando Fenolio, economista-chefe da Wealth High Governance

  • PIB limita uma ação ainda mais tempestiva do BC na condução dos juros; “reduz muito a chance de acelerar o ritmo para 200bps ou 175bps na próxima reunião”
  • Atividade deve perder ainda mais ímpeto em 2022 com os efeitos defasados do aperto monetário e BC deve ficar mais confortável em manter o ritmo atual de aperto
  • “Vamos ver como ele vai sinalizar a próxima reunião. Se já sinaliza mais uma alta de 150bps ou deixa a decisão em aberto”

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados

  • Queda do PIB pode fazer com que o BC leve a inflação para a meta em um processo mais escalonado, e não exatamente para ano que vem
  • Inflação mais baixa no ano que vem, ainda não na meta, e economia mais fraca colocam a ideia de que o BC deve continuar subindo os juros, mas talvez não com a agressividade de antes

Marcos Ross, economista-chefe do Haitong

  • BC deve manter o ritmo de alta da Selic em 1,5 pp no próximo Copom
  • Discussão prospectiva sobre o quarto trimestre e carrego para o próximo ano deve ter mais relevância
  • “Informação de uma nova cepa circulando pelo mundo também adiciona à cautela”
  • “Apesar dos efeitos ainda serem um pouco incertos sobre saúde pública e economia, é de se esperar que os BCs optem por cautela nesse primeiro momento”

Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Management

  • PIB poderia dar a chance para o BC rever aumento de 1,5pp na Selic e evitar uma recessão efetiva no país
  • “Apesar da recessão técnica, esperaria último trimestre já que alguns indicadores antecedentes importantes demonstram que podem ter crescimento”

Mirella Hirakawa, economista da AZ Quest Investimentos

  • A surpresa veio da indústria, que está mostrando uma franqueza ainda do setor
  • Serviços e consumo das famílias, que são os grandes testes para a recuperação de economia, estão vindo relativamente em linha com expectativas, ainda mostrando uma reabertura da economia

Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs

  • Esperamos que alguns dos setores de serviços ainda impactados pela Covid, em particular para as famílias, se recuperem ainda mais nos próximos meses, com o progresso da vacinação e o auxílio fiscal renovado
    • Os termos de troca e o cenário externo em geral ainda favoráveis também irão amortecer a atividade
  • No entanto, a aceleração da inflação, aumento da Selic, interrupções na cadeia de abastecimento, aumento da incerteza política, altos níveis de endividamento das famílias e nova deterioração do sentimento do consumidor e dos negócios estão gerando ventos contrários significativos para a atividade