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Recessão nos EUA é evitável se Fed conseguir achar medida certa

06 jun 2022, 8:19 - atualizado em 06 jun 2022, 8:19
Moody's
Supondo que os piores efeitos econômicos do vírus e da guerra ficaram para trás, o economista-chefe da Moody’s, Mark Zandi, aposta que o Fed consegue (Imagem: REUTERS/Mike Segar)

A julgar por alguns comentários que circulam no mercado financeiro e no alto escalão de grandes empresas, uma recessão nos EUA é iminente e inevitável.

Não necessariamente.

Embora o perigo de uma crise tenha aumentado com a desaceleração do crescimento, a maioria dos economistas argumenta que uma contração é improvável no futuro imediato, dada a força contínua do mercado de trabalho e os mais de US$ 2 trilhões de liquidez nas finanças domésticas.

É com o ano que vem que eles estão mais preocupados, à medida que os aumentos de juros do Federal Reserve continuarem a surtir efeito e a inflação mais alta em décadas consumir esse excedente de caixa.

Mas mesmo assim, um declínio econômico não é dado como certo. O ex-vice diretor do Fed e economista-chefe do Deutsche Bank Securities, Peter Hooper, foi um dos primeiros a prever uma recessão e atribuir mais de 70% de chance de que aconteça no próximo ano. No entanto, ele diz que ainda enxerga alguns cenários para evitar uma.

Isso exigiria, para usar as palavras da secretária do Tesouro americano Janet Yellen, sorte e habilidade por parte do Fed. O sucesso também dependerá de forças além do controle do banco central dos EUA – segundo ressaltou o próprio presidente da instituição, Jerome Powell – como choques na cadeia de suprimentos causados pela pandemia e pela guerra na Ucrânia.

Supondo que os piores efeitos econômicos do vírus e da guerra ficaram para trás, o economista-chefe da Moody’s, Mark Zandi, aposta que o Fed consegue.

“Ainda acho que vamos atravessar isso sem recessão. Mas obviamente vai ser muito, muito apertado porque os riscos são muito altos”, disse.

Muito está em jogo. Uma recessão provavelmente deixaria centenas de milhares de americanos desempregados e desencadearia outra grande queda no mercado de ações. Isso também significaria mais problemas para o presidente americano Joe Biden, cujo partido está em desvantagem na defesa de suas maiorias finas no Congresso na eleição de novembro.

Biden salientou na sexta-feira o mais recente sinal de força do mercado de trabalho, mesmo reconhecendo que provavelmente isso ficará ofuscado nas mentes americanas pela dor da inflação altíssima.

As rachaduras começam a aparecer em uma economia que está saindo de uma taxa de crescimento que no ano passado atingiu o maior nível desde 1984.

O mercado imobiliário está cedendo sob o impacto de um aumento nos juros de financiamento imobiliário orquestrado pelo Fed, com as vendas de novas casas em abril registrando a maior queda em quase nove anos.

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