Recessão à vista? Ativa alerta para risco de nova crise no Brasil diante de exaustão fiscal
As semelhanças entre os contextos econômicos de 2013 e 2024 levantam preocupações sobre os riscos de uma nova recessão no Brasil, alerta a Ativa Investimentos.
Segundo os economistas Étore Sanchez, Guilherme Sousa e Matheus Alexandre, as políticas fiscais expansivas, os déficits persistentes e o descontrole das expectativas inflacionárias estão agravando a crise de confiança e criando um ciclo vicioso similar ao enfrentado durante o governo Dilma Rousseff.
O pacote fiscal anunciado pelo governo este ano foi considerado insuficiente para equilibrar as contas públicas. Com isso, “ajustes fiscais mais profundos e estruturais são indispensáveis para restaurar a credibilidade e a previsibilidade econômica”.
“Os desafios fiscais foram temas recorrentes em nossas análises, especialmente diante do nível e da trajetória do endividamento brasileiro. Em nossas cartas mensais, detalhamos as etapas da crise de confiança vivida pelo país, traçando paralelos históricos e apresentando projeções que, em sua maioria, infelizmente ou felizmente, acabaram se confirmando”, dizem.
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Sanchez, Sousa e Alexandre alertam ainda que, no paralelo entre os períodos dos governos de Dilma e Lula, o Estado, que se ampliou, gerando déficits sistemáticos, esvaziou-se ainda mais do rigor fiscal. “O projeto parafiscal vem se instaurando a passos largos e houve a intensificação da desancoragem das expectativas de inflação.”
A conjuntura atual é marcada por um câmbio altamente depreciado, acima de R$ 6, e uma curva de juros indicando taxas elevadas por um período prolongado. Esses fatores, aliados à intensificação da desancoragem das expectativas de inflação e ao aumento do endividamento público, agravam a crise de confiança que impacta o ambiente econômico.
Diante desse cenário, a Ativa projeta um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 1% em 2025. “A fraqueza nos investimentos da iniciativa privada, devido à falta de confiança, e do Estado, em função da exaustão fiscal, desacelerará o crescimento econômico, especialmente em um ambiente de política monetária restritiva”, afirmam.
Segundo os economistas, a recuperação da economia brasileira depende da implementação de medidas estruturais que sinalizem compromisso com a sustentabilidade fiscal e o rigor na gestão das contas públicas.