Receita enquadra Assaí (ASAI3) e ação cai forte na bolsa; empresa já perdeu R$ 38 bi no ano em valor de mercado
O Assaí (ASAI3), que já não vive um bom ano na bolsa, caiu forte nesta segunda-feira (30) após a Receita Federal emitir um Termo de Arrolamento no valor de R$ 1,3 bilhão. A cifra se refere a passivos tributários de cisão do GPA, quatro anos após a operação.
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O papel liderou as perdas do Ibovespa, com tombo de 8,0%, a R$ 7,47. No acumulado do ano, a companhia já perdeu cerca de R$ 38 bilhões em valor de mercado. PCAR3 caiu 1,05%.
Aos fatos
Apesar do valor assustar a primeira vista, a cifra bilionária não significa que o Assaí terá que desembolsar essa quantia ou terá os imóveis bloqueados.
De acordo com o fato relevante, essa medida é utilizada pela Receita para fiscalizar qualquer transferência de bens de propriedade de um suposto devedor tributário para garantir que ele tenha ativos suficientes para liquidar um passivo em discussão.
Ou seja, não há impacto para as finanças ou as operações. O arrolamento também não impede o Assaí, por exemplo, de vender ou transferir esses ativos, embora esteja sujeito à exigência de notificar a Receita Federal se o fizer.
Todos os passivos relacionados também já foram provisionados pelo GPA.
Mas então por que a ação está derretendo?
Ruídos
Para o Bradesco BBI, o problema é que a notícia traz ruído sobre a tese de ASAI3 e, em última análise, volatilidade para as ações no curto prazo, já que o movimento adiciona incerteza, algo que o mercado odeia.
“Apesar de não ter nenhum provisionamento imediato nem impactos no fluxo de caixa, pois este é um primeiro passo administrativo no processo, este fato é, de uma perspectiva qualitativa, desagradável em um momento em que o Assaí poderia, por exemplo, aproveitar os movimentos de venda e/ou arrendamento de ativos para acelerar seu processo de desalavancagem – não que isso seja um impedimento”, coloca.
O BBI lembra ainda que questões tributárias geralmente levam anos para serem resolvidas. Ou seja, na pior das hipóteses, os impactos de provisionamento/fluxo de caixa são esperados apenas alguns anos à frente, e somente se o Assaí perder seu recurso.
“Assim, não esperemos por enquanto nenhum impacto visível nos fundamentos do Assaí”.
O que fazer com Assaí
Em relatório da última quinta (26), a Genial nota que a alta volatilidade das ações é reflexo de uma piora no cenário macroeconômico, com o aumento de juros no Brasil, e o impacto direto no lucro estimado para a companhia nos próximos anos, dado a alta alavancagem financeira do Assaí.
“Apesar de entendermos que o case não possui triggers positivos no curto prazo e que a alavancagem continua a ser um ponto crítico para a companhia, principalmente após o anúncio de três emissões de debêntures ao longo de 2024, acreditamos que o fluxo vendedor dos últimos dias parece um pouco exagerado”, destaca.
Pelos cálculos da Genial, o Assaí negocia a 10,5x P/E (preço sobre lucro) em 2025, 43% abaixo da média histórica dos últimos quatro anos.
Para a corretora, o empresa possuí algumas opcionalidades para se desalavancar financeiramente. A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 10, potencial de alta de 24%.