Economia

Recado dos gestores: Com Brasil na contramão do mundo, é hora de ficar mais otimista

06 set 2022, 11:40 - atualizado em 06 set 2022, 11:40
Brasil está na contramão do mundo e investidor deve ficar mais otimista, mesmo com cenário externo mais desafiador e antes das eleições presidenciais (Imagem: Shutterstock/Montagem Helena Aymee)

O Brasil está na contramão do mundo. Enquanto lá fora a narrativa sobre inflação e juros altos assusta os investidores, ampliando o temor sobre a recessão, aqui, a economia brasileira surpreende de forma positiva e sustenta uma dinâmica própria do Ibovespa e do real.

Vale lembrar que a bolsa brasileira apresentou forte descolamento em agosto em relação às bolsas globais, acumulando desempenho positivo no ano. Da mesma forma, a moeda brasileira figura entre as mais valorizadas desde janeiro, mesmo com o dólar testando máximas em 20 anos frente às principais rivais

Portanto, controle o pessimismo em relação ao cenário local. “Quando se observa o rumo que a economia brasileira tem tomado nos últimos meses, tem-se a sensação de que, em meio aos desafios impostos no mundo neste momento, parece que o Brasil está na contramão desses eventos”, afirma o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira. 

Quadro mais favorável

De fato, os números não mentem. O Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu acima do esperado no segundo trimestre deste ano, levando a uma série de revisões positivas para o desempenho no acumulado de 2022. De quebra, as expectativas para 2023 também melhoraram, tornando o saldo para o período mais favorável.

“É preciso reconhecer que a ‘fotografia’ corrente da economia mostra um quadro mais saudável do que aquele pintado pela maioria nos últimos meses”, avalia o CIO da TAG Investimentos, Dan Kawa. Para ele, o cenário econômico brasileiro parece muito mais construtivo inclusive quando comparado com a posição difícil das economias desenvolvidas.

Enquanto lá fora os bancos centrais mantêm o compromisso de continuar subindo os juros para combater a inflação, ainda que isso leve a uma recessão, aqui, a autoridade monetária parece já ter cumprido a tarefa de elevar a Selic para conter a alta dos preços. Tanto que, agora, os índices de preços colecionam deflações

Ainda que os cortes de impostos sobre os combustíveis tenham potencializado esse movimento, as medidas adotadas pelo governo serviram de catalisadores de um cenário já esperado de alívio na inflação. “Isso acabou convertendo uma desinflação em uma real deflação”, explica Vieira, da Infinity.  

BC faz lição de casa e passa bola para o governo

Ao mesmo tempo, crescem as chances de queda da taxa básica de juros por aqui em 2023 e 2024, enquanto lá fora há pouco espaço para o Federal Reserve reduzir o ritmo de aperto, assim como o processo europeu. “É hora de ficar mais otimista com o Brasil”, resume o gestor da Âmago Capital, Rodrigo Barros.  

Nem mesmo as eleições presidenciais trazem um cenário de ruptura. Ainda que haja decisões difíceis a serem tomadas pela sociedade e pelo Congresso nos próximos meses, o gestor da Âmago lembra que cerca de 30% da população são, sistematicamente, contra o governo, ao passo que o Legislativo está mais forte e independente. 

Ainda assim, é preciso estar atento ao risco fiscal. “As contas públicas merecem atenção, pelas incertezas de qual será a próxima âncora fiscal a partir de 2023, uma vez que o teto de gastos parece fadado a ser revisto”, avalia Kawa, da TAG.

Nesse sentido, as políticas que derrubaram os preços em 2022, com efeitos para o ano que vem, são insustentáveis em termos fiscais.

Afinal, a estrutura dos gastos não foi modificada e precisa do aval de 60% dos deputados e senadores para mudar a regra sobre o limite. “Para honrar os compromissos, a receita deverá crescer em um futuro próximo de maneira perene, seja via aumento de imposto, redução de gastos ou reformas”, enumera o economista da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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