Mercados

Maior parte dos emergentes que mereciam já tiveram nota de risco rebaixada

15 abr 2020, 8:53 - atualizado em 15 abr 2020, 9:02
Os riscos de rebaixamentos de vários degraus já estão precificados, disse Jean-Charles Sambor, responsável por renda fixa de mercados emergentes da BNP Paribas Asset Management (Imagem: Reuters/Benoit Tessier)

O pior já deve ter passado para títulos de mercados emergentes em meio à onda vendedora da pandemia de coronavírus, embora as notas de crédito de alguns países ainda possam ser rebaixadas em vários níveis.

Essa é a avaliação da Merian Global Investors e da BNP Paribas Asset Management, que veem valor nos títulos em dólar de países em desenvolvimento devido às medidas que bancos centrais globais e o Fundo Monetário Internacional têm adotado para amortecer o impacto da pandemia.

O spread dos títulos em relação ao Treasuries começa a diminuir neste mês, depois de subir mais de 250 pontos-base em março, o maior salto desde 2008, segundo um índice do JPMorgan Chase.

“Com muitos títulos de mercados emergentes atualmente negociados em níveis em ‘distressed‘, acreditamos que rebaixamentos múltiplos já estão precificados”, disse Delphine Arrighi, gestora da Merian Global, em Londres.

“Muitos países já foram rebaixados por agências de rating, com alguns ainda em observação negativa, o que implica possíveis rebaixamentos.”

Como vários países obrigaram empresas a paralisarem as operações e trabalhadores a ficarem em casa para conter a propagação do coronavírus, o FMI previu que a recessão do chamado “Grande Bloqueio” será a mais grave em quase um século.

A qualidade da dívida com grau de investimento se deteriorou nos mercados emergentes: o número de rebaixamentos superou a melhora das notas de crédito em mais de 7 vezes no último trimestre, segundo dados compilados pela Bloomberg.

As revisões com rebaixamento da S&P Global Ratings, Moody’s Investors Service e Fitch Ratings até agora se concentram em cortes de um nível.

A categoria onde tem ocorrido rebaixamentos da nota de crédito de vários degraus tem sido a B, ou mais fraca, onde títulos soberanos são propensos a crises, de acordo com a Fitch.

Ainda assim, títulos com grau de investimento também são vulneráveis, com 40% dos rebaixamentos em vários níveis no grau BBB e alguns nos níveis A e AA, disse a agência em relatório de 6 de abril.

As revisões com rebaixamento da S&P Global Ratings, Moody’s Investors Service e Fitch Ratings até agora se concentram em cortes de um nível (Imagem Facebook/ S&PGlobal)

Os riscos de rebaixamentos de vários degraus já estão precificados, disse Jean-Charles Sambor, responsável por renda fixa de mercados emergentes da BNP Paribas Asset Management, em Londres. “Não achamos que os rebaixamentos seriam um grande choque para o mercado.”