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Reaproveitamento de rejeitos de lítio reforçará pauta de exportações

15 mar 2020, 16:42 - atualizado em 15 mar 2020, 16:43
Lítio
O projeto de reaproveitamento de rejeitos de lítio tem financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e é realizado pela empresa AMG Mineração S.A. (Imagem: Wikimedia Commons)

O reaproveitamento de rejeitos de concentrado de lítio, resultantes da produção de tântalo de duas antigas barragens desativadas desde 2018, construídas a montante em uma mina no município de Nazareno, em Minas Gerais, vai reforçar a pauta de exportações do Brasil. O projeto, que conta com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é realizado pela empresa AMG Mineração S.A.. Em consequência dos rompimentos das barragens em Brumadinho e em Mariana, o método a montante foi proibido no Brasil pela Agência Nacional de Mineração (ANM).

O BNDES entra no projeto com o financiamento de R$ 221 milhões, que representam 18% do investimento total e, segundo o chefe do Departamento de Indústria de Base e Extrativa do BNDES, Flávio Mota, está prevista a produção de 90 mil toneladas por ano do concentrado de lítio. Todo o material extraído nos três primeiros anos já tem como destino a exportação para a China, o que resultará no aumento em 10 vezes da produção nacional de concentrado de lítio, insumo considerado de alto valor agregado e de crescente demanda internacional, especialmente para a energia renovável.

“É emblemático para o Brasil. Hoje o país produz 9 mil toneladas de concentrado de lítio por ano. Esse projeto multiplica por dez a capacidade de produção do Brasil de concentrado de lítio. O projeto passa a produzir 90 mil toneladas por ano e isso insere o Brasil como fornecedor relevante nessa cadeia de alto valor”, revelou o chefe do Departamento à Agência Brasil.

Mota informou ainda que essa produção vai favorecer também a produção de energia renovável. “O aumento da capacidade de armazenamento de energia renovável é considerado um fator super importante neste momento da economia global para uma matriz de baixo carbono. Esse projeto conversa diretamente com isso, porque o viabilizador do movimento são as baterias de lítio, que têm impacto na sociedade como um todo”, concluiu.

Todo o material extraído nos três primeiros anos já tem como destino a exportação para a China (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

As barragens estão localizadas em uma mina operada há 38 anos pela AMG, que integra um grupo holandês com atuação nos setores de mineração, metalurgia e engenharia de materiais. A empresa identificou que nos rejeitos do tântalo, principal elemento químico explorado no local, havia um nível de concentrado de litio e que seria interessante a sua exploração econômica. “Eles vão pegar os rejeitos dessas barragens, vão extrair o concentrado de lítio, que vai ser comercializado. O concentrado de lítio é a primeira etapa do processo para a obtenção do elemento químico para a aplicação final nas baterias ou produtos eletrônicos. Ele já é considerado de alto valor agregado”, observou.

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Descaracterização de barragens

O projeto vai contribuir para a descaracterização das duas barragens desativadas e dar um fim econômico e social aos rejeitos, reduzindo os riscos para a população, além de contribuir na produção de energia renovável. “Ao mesmo tempo em que ajuda a empresa em seus resultados econômicos, por meio da exploração de um material de alto valor agregado em uma cadeia associada à utilização de baterias, que é uma demanda hoje no mundo bastante crescente, ataca o problema que a gente vive hoje aqui no Brasil, e o grande start foi o acidente de Brumadinho, que é a questão de descaracterização de barragens que teve a sua expansão via método a montante”, observou.

Geração de empregos

O projeto gerou 2 mil postos de trabalho indiretos durante as obras e 130 novos empregos. A prioridade é para a mão de obra local das cidades de Nazareno e São Thiago. Não está descartada a possibilidade de o banco apoiar iniciativas semelhantes em outras mineradoras. De acordo com Mota, sempre que a instituição identificar ou receber projetos com impacto social e ambiental estará disposto a analisar. Isso se estende a outras áreas da mineração.

“Hoje tem aplicações diversas para esses resíduos, que têm impactos sociais muito diretos. Por exemplo, estuda-se utilizar a aplicação de rejeitos na fabricação de tijolos para a construção de casas, outra alternativa é na fabricação de material asfáltico para fazer rodovia e pavimentação. Então, existem outras aplicações. O BNDES tem contato com alguns parceiros no intuito de estudar e ajudar a viabilidade desses projetos de dar uma aplicação aos rejeitos”.

“A participação do BNDES no projeto está alinhada com a estratégia da instituição de investir mais no social”, completou.