Real digital avança nos primeiros testes; como moeda pode impactar o consumidor brasileiro?
Em parceria com o Banco Central, o Mercado Bitcoin (MB) divulgou seus primeiros resultados dos testes para o real digital, conforme o Valor Econômico noticiou nesta sexta-feira (24). Os testes foram feitos por meio da Stellar, uma blockchain pública.
No teste, foram realizadas simulações de transações onde um protótipo do real digital serviu no pagamento de tokens. Conforme divulgado, a liquidação foi quase em tempo real, com baixo custo, no blockchain da Stellar.
Também participaram a ClearSale, que atua com score de crédito e prevenção a fraudes, a fundação CPQD, de pesquisa em telecomunicações e o Cheesecake Labs, de design e engenharia de softwares.
Nas simulações, foram colocadas em prática técnicas de prevenção à lavagem de dinheiro e identificação de clientes (KYC) para abertura de contas digitais.
Como vai funcionar o real digital?
Em entrevista ao Crypto Times, Marcio Kogut, fundador do Mycon e especialista em blockchain (MIT) e fintech (Harvard), comenta que enxerga o real digital como uma ferramenta de bancarização para parte da população.
Ele aponta que uma das principais funções do real digital será o de meio de pagamento em bens e serviços na internet. A tecnologia pode substituir o cartão de crédito em transações como assinaturas de Netflix, compras e até aplicativos de delivery.
Kogut explica que, hoje, ao assinar um serviço via cartão de crédito, o consumidor passa por uma cadeia de intermediários que resulta em um aumento do custo daquele serviço para ambos os lados.
“Tem o custo da bandeira do cartão, do banco emissor, da adquirente e, no final, ambos os lados acabam pagando isso. O objetivo da moeda digital é transacionar ativos digitais que hoje em dia já são comprados através de cartão virtual”, diz.
O especialista ressalta que o real digital não será uma criptomoeda, tampouco um ativo de investimento como o Bitcoin. A CBDC irá somente utilizar a tecnologia do Bitcoin, que é o blockchain, para garantir rastreabilidade e segurança.
“Será lastreado em cima de stablecoins. Então, um real digital será igual a um real físico. Não vai existir diferenças de valores entre uma e outra. Os bancos serão os distribuidores”, explica.