Rumores de reajuste no Bolsa Família reacendem temor de risco fiscal; o que esperar do Ibovespa nesta sexta (16)

Nos últimos meses, o mercado brasileiro conseguiu se distrair com a política tarifária de Donald Trump. Mas uma hora é preciso voltar a encarar o nosso próprio monstro: o risco fiscal.
O temor de um descontrole nas contas públicas voltou ao radar, após a coluna do jornalista Thomas Traumann, na revista Veja, publicar sobre medidas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem estudando para recuperar a sua popularidade, após o escândalo das fraudes do INSS vir à tona.
Entre os projetos estão a isenção da conta de luz para quase 60 milhões de inscritos no Cadastro Único; o novo Vale Gás de R$ 110; novas modalidades de crédito para microempreendedores; e a criação de uma linha de crédito para compra de motocicletas a entregadores de aplicativos.
Mas o que incomodou o mercado é a notícia de que o Ministério do Desenvolvimento Social está preparando uma proposta para reajustar o valor do Bolsa Família. O benefício deve aumentar de R$ 600 para R$ 700, a partir de janeiro de 2026.
O governo, no entanto, nega essa informação. O Ministério do Desenvolvimento Social afirmou, em nota, que não aumentará o valor do benefício.
O ministro Fernando Haddad também negou o aumento do Bolsa Família. “Não há da parte do Ministério do Desenvolvimento Social pressão para nenhuma iniciativa nova, isso vale para os outros ministérios também. Não tem estudo, não tem demanda, não tem pedido, não tem nada. O orçamento do ano que vem não está nem sendo discutido ainda”, disse, em conversa com jornalista na entrada do Ministério da Fazenda.
Segundo Haddad, o que será apresentado ao presidente Lula nos próximos dias são “questões pontuais” para cumprir a meta fiscal de 2025, caso do Vale Gás e o programa Pé-de-Meia.
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Do lado dos indicadores, o dia é de agenda esvaziada (mais uma vez). Com isso, o destaque vai para o fim da temporada de balanços do primeiro trimestre de 2025 (1T25).
Os investidores devem repercutir os últimos resultados divulgados ontem, após o encerramento do pregão de ontem (15), como BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3), Cyrela (CYRE3) e Eztec (EZTC3).
A BRF reportou um crescimento de 99,6% no lucro líquido, que ficou em R$ 1,185 bilhão. Já a Marfrig reportou um lucro atribuído ao controlador de R$ 88 milhões, um avanço de 40,3% na comparação com 1T24.
A Cyrela viu seu lucro aumentar 23%, para R$328 milhões. Eztec reportou lucro líquido de R$ 94 milhões, alta de 65,9% na base anual.
Também está no radar a notícia de que a Marfrig e a BRF confirmaram a intenção de realizar uma fusão que envolve troca de ações. O nome da nova companhia será MBRF.
No último pregão, o Ibovespa (IBOV) fechou aos 139.334,38 pontos, com alta de 0,66%, renovando a máxima histórica nominal. O recorde anterior foi registrado na última terça-feira (13), quando o Ibovespa encerrou a sessão aos 138.963,11 pontos.
Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,6788, com alta de 0,82% ante o real.
O iShares MSCI Brazil (EWZ), o principal fundo de índice (ETF) brasileiro em Nova York, subiu 0,29% no after-market de ontem, cotado a US$ 28,09.
O que esperar de Wall Street
Lá fora, a agenda de indicadores também não está tão forte, com balança comercial na zona do euro e dados de construção e confiança do consumidor nos Estados Unidos.
Com isso, os investidores acompanham o desenrolar do novo desafeto de Trump: a Apple. O presidente norte-americano pediu para a empresa parar que produzir seus aparelhos na Índia e migrar a operação para os EUA. Em conversa com jornalistas, ele ainda disse que teve “um pequeno problema” com o CEO Tim Cook.
“Eu disse a ele, Tim [Cook], você é meu amigo. Eu tratei você muito bem. Você está vindo para cá com US$ 500 bilhões, mas agora eu escuto que você está fabricando na Índia. Eu não quero que você fabrique na Índia”, afirmou Trump.
A Apple passou a mover parte de sua produção de iPhones da China depois de Trump anunciar as tarifas recíprocas no início de abril, que atinge diretamente os custos de produção da empresa.
As bolsas asiáticas fecharam mistas — o PIB do Japão contraiu 0,7% no 1T25, impactado pelas preocupações com a guerra comercial. O mercado europeu, os futuros de Wall Street, criptomoedas e petróleo operam em alta nesta manhã.
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Agenda: Veja a programação para hoje
Indicadores econômicos
- 08h – Brasil – IGP-10 de maio
- 08h – Brasil – Prévia do IPC-S de maio
- 09h30 – EUA – Construções de moradias iniciadas em abril
- 10h – Brasil – Prisma Fiscal
- 11h – EUA – Sentimento do Consumidor de maio
Agenda – Lula
- A agenda do presidente ainda não divulgada até o momento da publicação desta matéria
Agenda – Fernando Haddad
- 10h – Reunião com Janaina Donas, Presidente Executiva da Associação Brasileira do Alumínio – ABAL
- 14h30 – Evento Prisma Fiscal 10 anos, Secretaria de Política Econômica (SPE)
Agenda – Gabriel Galípolo
- 15h – Reunião com José Luis Escrivá, Presidente do Banco da Espanha
Morning Times: Confira os mercados na manhã desta sexta-feira (16)
Bolsas asiáticas
- Tóquio/Nikkei: +0,01%
- Hong Kong/Hang Seng: -0,46%
- China/Xangai: -0,40%
Bolsas europeias (mercado aberto)
- Londres/FTSE100: +0,72%
- Frankfurt/DAX: +0,75%
- Paris/CAC 40: +0,77%
Wall Street (mercado futuro)
- Nasdaq: +0,18%
- S&P 500: +0,20%
- Dow Jones: +0,34%
Commodities
- Petróleo/Brent: +0,05% a US$ 64,55 o barril
- Petróleo/WTI: +0,03%, a US$ 61,63 o barril
Criptomoedas
- Bitcoin (BTC): +1,9%, a US$ 103.553
- Ethereum (ETH): +3,1%, a US$ 2.596,57
Boa sexta-feira e fique de olho no Money Times para acompanhar as notícias do mercado!