Reajuste de 0,75 pp: Aumenta pressão para BC acelerar cortes na Selic; entenda
O Banco Central seguiu o plano: cortou a Selic em 0,50 ponto percentual na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Com isso, a taxa básica de juros passou do patamar de 11,75% para 11,25% ao ano.
No entanto, nem todo mundo gostou da manutenção do ritmo do afrouxamento monetário. Outras entidades de setores econômicos se uniram à Confederação Nacional da Indústria (CNI) para pedir por cortes maiores, de 0,75 pp.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o corte de ontem foi positivo, mas a Selic ainda segue muito alta.
“Já está na hora de acelerar o ritmo da queda para que a economia possa crescer mais do que o previsto e viabilizar a retomada do consumo e da produção industrial”, disse a associação em nota. “Confrontando-se a Selic com a inflação, percebe-se que o Brasil tem uma das taxas de juros reais mais elevadas do mundo. Por isso, há espaço e é importante acelerar a redução da Selic, contribuindo para a retomada de níveis mais robustos de crescimento e melhoria da competitividade”, completa.
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A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) também destaca que há espaço para o direcionamento da política monetária para um cenário menos restritivo, com cortes mais intensos.
“O retorno da inflação à meta em 2023 e a desaceleração do índice prévio de janeiro têm provocado reduções nas expectativas inflacionárias, especialmente para o ano de 2024. Os cortes mais acentuados dos juros também se justificam pelos dados de curto prazo, que indicam um cenário de desaceleração da atividade econômica”, diz.
A federação também aproveitou para dar um puxão de orelha no governo, afirmando que a disciplina fiscal, através de uma gestão eficiente dos gastos públicos, não apenas facilitará uma redução consistente da taxa Selic, mas também abrirá espaço para novos planos de investimento.
Por fim, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) comemora o corte de 0,50 pp e também ressalta que a queda na inflação proporciona ao Banco Central a oportunidade de persistir na trajetória de redução da Selic.
“Essas medidas não beneficiariam apenas o setor imobiliário, tornando os financiamentos habitacionais de médio e alto padrão mais acessíveis, mas também contribuiriam para o progresso econômico e social do Brasil”, afirma Luiz França, presidente da Abrainc.
Banco Central sinaliza mais cortes na Selic
O reajuste de ontem foi o quinto desta magnitude desde que o início do afrouxamento monetário, em agosto do ano passado. E o mercado já pode se preparar para, pelo menos, mais cortes de 0,50 pp nas próximas duas reuniões (de março e maio), o que levaria a Selic para 10,25%.
Vale lembrar que o presidente Roberto Campos Neto afirmou, no final do ano passado, que quando o BC fala em cortes de juros da mesma magnitude, ele está considerando duas reuniões para frente. Por isso, a expectativa de uma queda total de até 1 pp.
No entanto, para essa projeção se concretizar, o Banco Central destaca que tudo tem que das certo no cenário esperado. No caso, o esperado pela autoridade monetária é a consolidação não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.
“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz o comunicado.