Reação exagerada? Petróleo entra em correção após disparada; saiba o que esperar e quais ações estão na mira
Os preços do petróleo entraram em movimento de correção nesta terça-feira (10), após a disparada na sessão anterior, com os mercados de olho nos desdobramentos do conflito que se instaura no Oriente Médio, após ataques realizados pelo grupo islâmico Hamas em Israel no sábado.
Com o contra-ataque por parte do governo israelense, agentes do mercado ficaram mais preocupados com a escalada do conflito, especialmente no que diz respeito à possibilidade de envolvimento do Irã, importante player dentro do mercado de óleo e gás.
Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed, sinaliza que, caso haja um conflito direto entre Irã e Israel, o cenário pode piorar ainda mais com o petróleo seguindo trajetória de disparada.
Apesar disso, o cenário não está resolvido. Rodney Ribeiro, economista e assessor na WIT Invest, diz que o panorama de disparada nos preços das commodities ainda é incerto. Há a possibilidade de um aumento devido à escassez vinda da guerra na Ucrânia (e, agora, potencialmente, do conflito no Oriente Médio). Por outro lado, o risco de recessão global assombra os mercados e pode levar os preços para baixo.
Goldman Sachs e Julius Baer, em seus comentários sobre o conflito, veem informações “opacas” sobre a situação real do conflito.
Segundo Norbert Rücker, economista-chefe do Julius Baer, o contexto geopolítico tende a ser mais um ruído do que uma força duradoura, capaz de mudar os fundamentos do mercado.
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Para além das petroleiras: as ações que se beneficiam com a alta do petróleo
As ações de petroleiras, como Prio (PRIO3), 3R Petroleum (RRRP3) e Petrobras (PETR4), acabam sendo diretamente beneficiadas pela disparada dos preços do petróleo. Especialistas do mercado chamam atenção para as júniores, embora a Petrobras, pela exposição à commodity, também sai ganhando nesse cenário.
A questão com a Petrobras é que, historicamente, quando o petróleo sobe muito, isso traz certa dor de cabeça aos acionistas, pois gera dúvidas se a empresa vai subsidiar a operação ou não, comenta Vitor Sousa, da Genial Investimentos.
“Importante mencionar que, hoje, a defasagem da gasolina está muito baixa. Então, não acho que uma eventual alta no preço do petróleo vai ser uma grande dor de cabeça para as ações da empresa.”
” Essencialmente, nos preços atuais, a empresa não está trazendo quase nenhum subsídio da gasolina. Um pouco mais no diesel, mas nada que preocupe. Então, na média, todos devem ser beneficiados”, conclui Sousa.
Além das produtoras de petróleo, existem outras ações que ganham de forma indireta com a alta nos preços. Pensando nisso, empresas expostas ao agronegócio têm peso.
Fernando Siqueira, diretor de research da Guide Investimentos, cita São Martinho (SMTO3), uma vez que o preço da gasolina pode aumentar junto com o petróleo, o que impulsionaria também o valor do álcool.
Já Gabriel Mollo, analista de investimentos do Banco Daycoval, avalia que, com o petróleo negociado a patamares mais elevados e impulsionando o dólar, grandes exportadoras, como Suzano (SUZB3) e Vale (VALE3), também sairiam beneficiadas dentro desse contexto.
Além delas, empresas da indústria, como Embraer (EMBR3) e Weg (WEGE3), por terem receita em dólar, conseguiriam aproveitar a escalada do câmbio.
A Guide cita ainda Klabin (KLBN11) e JBS (JBSS3), que também são beneficiadas pelo dólar mais alto. O Inter Research também cita as empresas de papel e celulose como grandes beneficiárias de um cenário mais favorável para a moeda americana.
E as ações mais prejudicadas?
Mollo, do Daycoval, levanta que o petróleo a níveis muito altos, embora tenha impacto positivo para as produtoras do setor, é prejudicial para a economia, pois acaba causando inflação, obrigando bancos centrais a apertarem mais a política monetária em seus respectivos países.
“[Isso] aumenta o custo de capital de terceiros e as ações acabam apresentando lucros menores”, afirma o especialista.
Porém, considerando as empresas diretamente afetadas, as companhias aéreas, como Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), são duplamente afetadas, tanto pelo petróleo, com a possibilidade de aumento do querosene de aviação, quanto pelo dólar.
O varejo, sob perspectiva de inflação maior com a alta do petróleo e, consequentemente, uma postura mais severa pelas autoridades monetárias das principais economias mundiais, também sofreria pressão com esse cenário, acrescenta Mollo.